Filme do Dia: Peepshow (1956), Ken Russell




Peepshow (Reino Unido, 1956). Direção e Rot. Original: Ken Russell. Fotografia: M.C. Plomer.  Com: Tom Laden, Philip Evans, Teddy Rhodes, Mike Shaw, Shirley Kingdon, Norman Dewhurst.
Um grupo de pedintes que maquia suas restrições físicas e tem como “empresário”, um explorador e inescrupuloso homem (Laden) que lhes exige metade do que apuram, descobre que três de seus mendigos não lhe trouxe nada porque todos da região estão encantados com um espetáculo que observam pelas frestas de uma cerca. Ele pede que o levem lá e conseguem pular a alta cerce e, após o espetáculo, sequestrar seu artista principal. Um dos homens não concorda com o assassinato do velho, após terem roubado todos os trocados que esse havia apurado e se junta a filha (Kingdon), conseguindo lhe passar a flauta mágica que irá hipnotizar seus algozes e fazê-los se lançar ao rio no caixote com o qual pretendiam afundá-lo, enquanto o trio comemora sua vitória com alegria.
Observado retrospectivamente, esse curta que emula algo do surrealismo do cinema mudo, também pode ser observado como um primeiro testemunho do fascínio de seu realizador por um universo de fantasia que voltava as costas diretamente para a tradição tão firme do realismo inglês no cinema. Com referências a clássicos do cinema mudo como O Gabinete do Dr. Caligari, assim como um namoro com o experimentalismo que começava a fascinar mentes das mais diversas origens e propostas ideológicas e estéticas pela época, ao mesmo tempo apresenta uma visão romântica do artista como capaz de libertar os males e contradições sociais pelo simples encantamento de sua arte (e é óbvia a referência ao flautista de Hamelin) bastante autocondescendente e fácil, mesmo quando comparada a outro curta de início de carreira que também bebe na tradição surrealista como Dois Homens e um Guarda-Roupa, que Polanski dirigiria dois anos depois e seria acolhido pelos realizadores do Free Cinema em suas sessões anuais. Aqui, no entanto, a inconsequência está mais próxima de uma proposta pop que ainda irá surgir, e que Russell abraçará com entusiasmo, na década seguinte, sendo tão inócua quanto a presente em um filme como Magical Mystery Tour. Realizado somente com música e imagens, sendo os entretítulos substituídos por escritos em giz desde os seus créditos iniciais. Kingdon se tornará  Russell no mesmo ano, ao se casar com o realizador e se tornar figurinista de boa parte de seus filmes, assim como vários outros. 21 minutos e 37 segundos.

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