Filme do Dia: O Homem Invisível (1933), James Whale
O Homem Invisível (The Invisible Man, EUA, 1933). Direção:
James Whale. Rot. Adaptado: R.C. Sheriff, baseado no conto de H.G. Wells.
Fotografia: Arthur Edeson. Música: Heinz Hoelmhead. Montagem: Ted J. Kent. Dir.
de arte: Charles D. Hall. Com: Claude Rains, Gloria Stuart, William Harrigan,
Henry Travers, Una O’Connor, Forrester Harvey, Holmes Herbert, E.E. Clive.
O cientista
Jack Griffins (Rains) se transforma no Homem Invisível. Ele viaja para um
pequeno vilarejo britânico, mas os efeitos da transformação também lhe provocam
alterações de personalidade e ele passa
a aterrorizar a população, divertindo-se
as custas deles, e acreditando que irá dominar o mundo. Uma extensa força
policial e diversas operações são montadas para detê-lo, inclusive quando ele
anuncia que irá assassinar o cientista e sócio que não conseguiu lhe auxiliar o
retorno a visibilidade e sanidade, Arthur Kemp (Harrigan), e o acaba
efetivamente fazendo. Quando ele se refugia no celeiro de uma fazenda, acaba
sofrendo um intenso cerco policial que o fere, vindo a falecer no hospital, ao
lado de sua noiva (Stuart).
Realizado
no intervalo dentre duas de suas obras mais inspiradas, A Casa Sinistra e A
Noiva de Frankenstein, Whale inusitadamente instila elementos da comédia
pastelão, como uma profusão de chutes no traseiro e outras situações ridículas,
quase como numa vingança subliminar, através da sátira, dos códigos sociais
britânicos. O resultado, mesmo que saudavelmente anárquico e pouco interessado
em explorar os efeitos funestos das reações de seu inconsequente protagonista,
que a determinado momento faz descarrilhar toda uma composição ferroviária,
provavelmente provocando a morte de dezenas de pessoas, encontra-se longe das
melhores obras de Whale. É mais que evidente a simpatia do filme por seu
invisível protagonista, vivido por um Rains em seu primeiro papel em um filme
sonoro – somente havia participado de um filme mudo treze anos antes – e observado
de rosto descoberto em poucas cenas. Mais destacada que a gravidade nesse
filme, sem dúvida, são os seus momentos cômicos, encabeçados pela bizarra
figura da taverneira vivida por Una O’Connor, que parece antecipar em décadas
personagens semelhantes como a de A Dança dos Vampiros, que empresta um caráter de comicidade gráfica ao seu
personagem que já dispensaria de antemão a sua caricata voz aguda. O que Whale
não deixa de evidenciar de seu personagem principal é o fato dele passar boa
parte da ação “nu”, algo que se complica em seus momentos finais, quando neva,
o que também irá lhe antecipar a morte através de suas pegadas na mesma, assim
como a sua referência a sua liberdade inclusive de estuprar alguém caso queira,
menções que provavelmente seriam banidas pós-Código Hays. O personagem
resistiria mais ao desgaste das sucessivas versões que os de Drácula,
Frankenstein ou o Lobisomem, já que a primeira de muitas sequências (incluindo
variações como A Mulher Invisível),
somente se dariam sete anos após essa produção. Preston Sturges teve
participação não creditada no roteiro. Universal Pictures. 71 minutos.
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