Filme do Dia: Precipícios d'Alma (1952), David Miller
Precipícios
d’Alma (Sudden Fear, EUA, 1952).
Direção: David Miller. Rot. Adaptado: Lenore J. Coffee & Robert Smith, a
partir do romance de Edna Sherry. Fotografia: Charles Lang. Música: Elmer
Bernstein. Montagem: Leon Barsha. Dir. de arte: Boris Leven. Cenografia: Edward
G.Boyle. figurinos: Howard Greer & Sheila O’Brien. Com: Joan Crawford, Jack Palance, Gloria Grahame, Bruce Benneett, Virginia Huston, Mike Connors.
A dramaturga Myra Hudson (Crawford) implica
com o ator Lester Blaine (Palance), convencendo o produtor e o diretor a
demiti-lo. No trem que a leva a San Francisco, Lester inesperadamente surge
galante e afetuoso. Uma amizade nasce entre ambos, que logo se transforma em
paixão por parte de Myra, que se casa com ele. Quando dita seu testamento, no
entanto, Myra ao escutá-lo novamente, observa que o ditafone havia gravado uma
conversa entre Lester e sua inescrupulosa amante Irene Neves (Grahame),
planejando sua morte. A partir de então, a própria Myra decide tramar uma
situação em que virará a ordem do jogo, matando Lester. Porém nem tudo sai como
planejado.
Ao contrário de vários filmes da primeira
metade dos anos 1950 (Lágrimas Amargas,
Crepúsculo dos Deuses, A Malvada, Nasce uma Estrela) não se trata aqui de se tirar exatamente partido
do universo do teatro, e por correspondência, do próprio cinema, em sua trama.
Ela poderia facilmente ocorrer com qualquer outro profissional. Pode-se, no
máximo, apontar que se tira partido da noção de representação dentro da
representação, em um jogo de espelhamentos que não vai muito além do que
poderia em mãos um pouco mais talentosas (Mankiewicz, Wilder), no momento em
que Myra se encontra consciente de todo o jogo armado por um Lester cujo rosto
anguloso e propício ao cinismo de Palance soa como máscara ideal e também passa
a interpretar. O exagero barroco do título brasileiro bem se adéqua a
interpretação tipicamente over de
Crawford enquanto a mancomunada dupla vivida por Palance-Greerson soa quase tão
amoral em sua desfaçatez quanto a que será vivida em O Criado (1963), de Losey. Crawford, fortemente envolvida nessa
produção da qual foi produtora executiva, também auxiliou anonimamente no roteiro.
Joseph Kaufman Prod. Para RKO Radio Pictures. 110 minutos.
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