Filme do Dia: Genuine (1920), Robert Wiene
Genuine (Alemanha, 1920). Direção: Robert Wiene. Rot.
Original: Carl Mayer. Fotografia: Willy Hameister. Dir. de arte: Bernard Klein,
César Klein & Kurt Hermann Rosenberg. Figurinos: César Klein. Com:
Fern Andra, Albert Bennefeld, Lewis Brody, John Gottowt, Ernest Gronau, Harald
Paulsen, Hans Heinrich von Twardowski.
Genuine (Andra) é um objeto de
estranhos cultos sobre sua pessoa até se tornar mera escrava depois de uma
guerra entre tribos rivais no Oriente. Ela se torna “escrava” particular de um
velho e rico homem que a compra no mercado. Porém, sua natureza anteriormente
pacífica se tornou indócil com os sofrimentos vividos no cativeiro. Ela
consegue enfeitiçar o jovem Florian
(Twardowski), sobrinho do barbeiro de seu velho amo o e o induz a assassina-lo.
Agora, dona de seu próprio nariz, Genuine conquista os encantos do aristocrata
Percy (Paulsen). Delirante e febril, Florian chama a atenção de seu tio, que
decide invadir o estranho castelo em que mora, acusando-a de feitiçaria. Porém,
quando chegam a ela, ela já se encontra morta.
Wiene retorna aos mesmos ingredientes
que o tornaram célebre com seu O Gabinete do Dr. Caligari (1919), como os cenários estilizados e uma
narrativa mais próxima do universo onírico que de qualquer pretensão realista,
típica do roteirista Carl Mayer (Caligari,
O Castelo Vogelöd, A Escada de Serviço,
A Rua), porém com resultados pífios,
ao menos se tivermos como base a amostra do que restou do material original,
nessa versão não chegando sequer aos 50 minutos, quando originalmente possuía quase
40 a mais. Vítima do próprio Caligarismo que gerou, o retorno aos cenários
ultra-estilizados aqui muitas vezes menos reforçam a atmosfera onírica do que
simplesmente aludem a um mundo exótico, superficialmente oriental. O mesmo pode
ser dito da representação da mulher como vamp,
capaz de seduzir todos os homens e afastá-los da racionalidade, mais do que
tradicional na literatura e no próprio cinema. Porém, não se chega a uma
representação propriamente de “tirana” com Genuine e seu mundo, ao contrário de
outros tipos semelhantes protagonistas do cinema alemão do período, parecendo
menos sombria e cadavérica que festiva e carnavalesca. No limite, pode-se
afirmar que aqui se fica apenas com o invólucro, muitas vezes kitsch e grotesco, porém sem qualquer
sombra de substancialidade presente, por exemplo, em Caligari, menos capaz de aterrorizar ou criar uma atmosfera
sinistra, como talvez fosse sua intenção, que ser vítima de um humor
involuntário. Posteriormente se conseguiu elaborar ou encontrar uma versão com o dobro de metragem dessa, provavelmente similar à original. Decla-Bioscop AG. 44 minutos.
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