Filme do Dia: A Nova Saga do Clã Taira (1955), Kenji Mizoguchi
A Nova Saga do Clã Taira (Shin Heike Monogatari, Japão, 1955).
Direção: Kenji Mizoguchi. Rot. Adaptado: Masashige Narusawa, Hisakazu Tsuji
& Yoshikata Yoda, a partir do conto de Eiji Yoshikawa. Fotografia: Kazuo
Miyagawa & Kôhei Sugiyama. Montagem: Kanji Suganuma. Dir. de arte:
Matsutarô Kawaguchi, Hideo Matsuyama & Hiroshi Mizutani. Cenografia:
Takejirô Nakajima. Figurinos: Yoshio Ueno. Com: Narutoshi Hayashi, Ichijirô Oya,
Raizô Ichikawa, Tatsuya Ishiguro, Michiyo Kogure, Yoshiko Kuga, Akitake Kôno,
Tamao Nakamura, Shunji Natsume.
1137. O Clã Taira, comandado por seu
patriarca Tadamori (Oya), vivencia conflitos internos e externos, numa época em
que os samurais começam a ganhar maior relevância social junto à corte
aristocrática, onde até então haviam sido habitualmente desprezados. Após o
sucesso em uma missão que levou 4 meses, o grupo é menosprezado pelos cortesãos
e não conseguem ter acesso direto ao Imperador Toba (Natsume). O filho de
Tadamori, Kiyomori (Hayashi) descobre que sua mãe, Yasuko (Kogure), é uma gueixa
que havia se envolvido com o ex-imperador, do qual provavelmente pode ser
filho. Mesmo que uma nova missão tenha sido bastante elogiada pela corte, e
Tadamori convidado a fazer parte da mesma, logo intrigas e a pressão de um
grupo de monges corruptos farão com que Tadamori seja escorraçado de forma
humilhante da Corte, vindo a morrer logo após. Seu filho, indignado com o
ocorrido, despreza sua herança aristocrática e o convite da mãe a fazer parte
da corte, enfrentando a multidão liderada pelos monges e desmascarando suas
mistificações.
Bem distante dos temas e formas
visuais pelos quais vem a ser mais conhecido, sendo uma das duas únicas
produções que dirigiu em cores e também estranhamente tendo como protagonista
um personagem masculino, ainda assim Mizoguchi, em seu penúltimo filme,
consegue efetivar uma obra de longe mais interessante que a média contemporânea
de boa parte dos realizadores de ponta. Aqui a interação entre obstáculos
sociais e aspirações individuais, mas também coletivas (a categoria dos
samurais) faz com que se crie uma empatia com seu jovem herói, sendo que
tampouco os dramas individuais deixam de afetá-lo. Carregado pelo peso do
ressentimento de sua origem bastarda somado às intempéries de uma corte que
observa como fadada a ruína em breve, para ser substituída justamente por sua
categoria, o filme finda justamente com essa compreensão passiva e pacífica de
tal futuro, sendo um fecho condizente com a ojeriza do realizador em centrar
demasiada atenção a uma coreografia da violência e dos combates tal como
Kurosawa. Daiei. 108 minutos.
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