Filme do Dia: A Vida Durante a Guerra (2009), Todd Solondz


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Vida Durante a Guerra (Life During Wartime, EUA, 2009). Direção e Rot. Original: Todd Solondz. Fotografia: Edward Lachman. Montagem: Kevin Messman. Dir. de arte: Roshelle Berliner & Matteo De Cosmo. Figurinos: Catherine George. Com: Allison Janney, Shirley Henderson, Ciarán Hinds, Michael Lerner, Dylan Riley Snyder, Charlotte Rampling, Michael K. Williams, Paul Reubens, Renée Taylor, Emma Hinz, Ally Sheedy, Chris Marquette, Rich Pecci.
Trish (Janney) conta aos filhos que o marido, Bill (Hinds), preso por pedofilia, encontra-se morto, apaixonando-se por Harvey (Lerner). Sua irmã, Joy (Henderson), vive assoberbada pelos fantasmas de um ex-pretendente, Andy (Reubens), já morto e por seu atual marido, Allen (Williams), ser um maníaco sexual. Esse, desconsolado com a partida dela, mata-se. O filho mais jovem de Trish, Timmy (Snyder), descobre a verdade sobre o pai e entra em crise, enquanto seu irmão mais velho, Billy (Marquette) recebe uma visita do pai na universidade. Confuso com as indicações da mãe de que deve gritar toda vida que um homem tocá-lo, Timmy convida Harvey a seu quarto e quando este pretende consolá-lo, ele grita e a situação suspeita provoca o final do relacionamento da mãe com Harvey. No dia do Bar Mitzvah de Timmy, Joy sai da igreja gritando, após mais uma das aparições de Andy. No banheiro, recebe a visita do outro suicida, seu marido, que afirma que ela deve se matar, para provar seu amor a ele.
Solondz, como habitual, não poupa tintas na sua descrição de toda uma cadeia de tipos repletos de culpa. Palavras como esquecer, perdoar e culpa surgem incontáveis vezes e o flme parece reforçar, seja através da forma racional com que enquadra as linhas bem ajustadas dos cenários urbanos, seja através da recorrente fantasia ídilica ao som de Vivaldi vivenciada por Andy, um contraponto que torna ainda mais premente a dificuldade de se lidar com os sentimentos. E é sempre através do grotesco que a hilaridade surge. O melhor do humor autoral norte-americano parece pairar como influência (Woody Allen, Robert Altman, Os Irmãos Coen), mas Solondz, que aparentemente ao início tendia a apresentar uma trama de enredos múltiplos, mantém-se mais próximo de seu próprio estilo. O que não chega exatamente a ser algo de necessariamente positivo, dada a falta de costura e gratuidade de que algumas situações “feitas para chocar” reverberam ao final. Implacável com seus personagens, parece faltar a maior parte deles, o olhar afetuoso, mesmo que guardando o mesmo distanciamento emocional, presente no que talvez seja o seu melhor filme até o momento, e que o revelou para o cenário internacional, Bem Vindo à Casa de Bonecas. Destaque para a intensa ponta vivida pela veterana Rampling. Werc Werk Works para IFC.  98 minutos.




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