Filme do Dia: Lágrimas Amargas (1952), Stuart Heisler
Lágrimas
Amargas (The Star, EUA, 1952).
Direção: Stuart Heisler. Rot. Original: Dale Eunson & Katherine Albert. Fotografia:
Ernest Laszlo. Música: Victor Young. Cenografia: Edward G. Boyle & Boris
Leven. Figurinos: Sam Benson. Com: Bette Davis, Sterling Hayden, Natalie Wood, Warner Anderson, Minor
Watson, June Travis, Paul Frees, Barbara Lawrence.
Margaret “Margo” Eliott (Davis) é uma
atriz em ocaso que, enfrentando dificuldades financeiras, luta para voltar a
sua carreira no cinema. Apoiada pelo agente Harry Stone (Anderson), ela
consegue um teste em uma nova produção, após dirigir embriagada e ser motivo de
escândalo, assim como uma frustrada tentativa de ser vendedora em uma loja de
departamentos. O amigo Jim (Hayden), ator iniciante e a filha Gretchen (Wood),
no entanto, querem que ela desista do retorno à carreira cinematográfica e
encare os fatos, algo que ela parece ter compreendido ao final.
Produção que faz parte de uma
reavaliação que Hollywood efetivava com certa insistência no período sobre as
conseqüências do star-system com
relação às suas divas do passado (Crespúsculo dos Deuses, A Condessa Descalça,
A Malvada, Nasce uma Estrela, para ficarmos apenas com os mais célebres),
logicamente se aproveitando amplamente de seu potencial melodrámatico. Aqui,
tudo parece se resumir, em última instância, a problemática psicológica
individual da protagonista vivida por Davis. Percebe-se as engrenagens do
sistema a tentarem conciliar e afagar seu ego com algo como uma “esmola”,
temendo o escândalo, mas o filme se encontra longe da soberba radiografia que
contrapõe, por exemplo, o cinema sonoro ao mudo que é Crespúsculo dos Deuses. Evidentemente o filme já incorpora
elementos que essa produção anterior já havia tocado, seja ao escolher Davis
(que já havia protagonizado A Malvada),
seja fazendo referência direta ao fato de ter ganho um Oscar e dialogar com ele
no seu momento mais decadente, seja utilizando uma seqüencia que evoca bastante
a do contato com o diretor DeMille para um possível returno da estrela em Crepúsculo dos Deuses. Algo que nao
necessariamente o beneficia, tão carregadamente melodramático e despido de
ironia quanto sua insistente trilha musical e protagonista, o oposto do papel
que Davis vivenciara para o filme de Mankiewicz, mordaz em seus diálogos. O
final parece bastante conivente, mesmo que indiretamente, com o fato de que
atrizes maduras devem mesmo é se aposentar e apostar na felicidade doméstica,
pois a pretensão oposta certamente apresentará mais espinhos que rosas. É como
uma iluminação que redime Margo, não por acaso o nome da protagonista de A Malvada, vivida pela mesma atriz, de
sua própria vaidade e a devolve ao mundo dos simples mortais e a canalizar sua
energia e desejo para a filha e o amigo, que agora aceita como futuro
companheiro. Destaque para uma jovial Wood, reconhecível em certos momentos
apenas pela intensidade do olhar. Bert E. Friedlob Prod. para 20th Century-Fox Film. 89
minutos.

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