Filme do Dia: Os Óculos do Vovô (1913), Francisco Santos




Os Óculos do Vovô (Brasil, 1913). Direção e Rot. Original: Francisco Santos. Fotografia: Francisco Xavier. Com: Graziela Diniz, Francisco Santos, Jorge Diniz, Jaime Cardoso, Oscar Araújo Costa.
Garoto traquinas faz diversas peraltices, desde quebrar um objeto da sala e ser perseguido pela mãe (Graziela Diniz), sendo salvo pelo avô (Santos), até pintar os óculos desse enquanto dorme, acreditando ele se encontrar cego ao acordar e fazendo com que o filho (Jorge Diniz) chame um médico (Cardoso), que atesta ele nada ter na visão.
Infelizmente sobreviveu pouco menos de um terço da metragem original desse que o filme de ficção brasileiro mais antigo a ter deixado vestígios. Trata-se de uma saborosa comédia, relativamente bem dirigida e encenada, tendo como mote, motivos cômicos mais associados, no caso da produção internacional, a um momento anterior, do “cinema de atrações”, dos quais diversas produções de Edison mais curtas (a exemplo de Grandma and the Bad Boys, de 1900) tinham motivos similares,  porém fazendo com que a gag principal, que diz respeito ao título (infelizmente não mais existente) surja após uma contextualização na qual se observa o caráter peralta do infante, que não poupa tampouco seu protetor – o avô impede a mãe de lhe dar um castigo após a quebra do objeto na sala. A adaptação dessa lógica do vaudeville aos tempos em que essa produção foi lançada implica não apenas um pequeno desenvolvimento narrativo, praticamente restrito a própria ação da gag nos filmes anteriores, como igualmente uma caracterização bem mais realista dos ambientes, filmados em locações reais, e do uso dos espaços contíguos (o avô sempre é apresentado, ao menos no que sobreviveu do filme, no que talvez seja o quintal da casa) que são sugeridos, em termos de espacialidade, ao espectador, através da repetição de planos de ângulo idêntico, como o da escada que leva ao local do qual se desce para o ambiente onde se encontra o avô, assim como o médico subir após a consulta mais uma vez (subentende-se pelo diálogo desse com o filho, que ele já havia o visitado outras vezes, o que demonstra que o truque do garoto já havia sido aplicado anteriormente) nada ter indicado de problemático na saúde ocular do idoso. Não existe a descoberta aparentemente da traquinagem do garoto que sobrevive no material restante sem qualquer tipo de castigo por parte das vítimas de suas brincadeiras. Guarany Fabrica de Fitas Cinematográficas. 4 minutos e 45 segundos.

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