Filme do Dia: Frances Ha (2012), Noah Baumbach

Frances Ha (EUA, 2012). Direção: Noah Baumbach. Rot. Original: Noah Baumbach & Greta Gerwig. Fotografia: Sam Levy. Montagem: Jennifer Lame. Dir. de arte: Sam Lisenco. Cenografia: Hannah Rothfield. Com: Greta Gerwig, Mickey Summer, Michael Esper, Adam Driver, Michael Zegen, Charlotte d’Ambroise, Grace Gummer, Daiva Deupree.

Frances (Gerwig), 27 anos, mora em Nova York e, ao contrário da maior parte das pessoas que conhece ou seus amigos, parece ainda bastante incerta sobre que rumo seguir na vida. Ela divide o apartamento com a amiga Sophie (Summer), de quem possui dependência emocional. Frances não consegue ir além de estudante na companhia de dança que se encontra engajada. Emocionalmente instável, rompe com o namorado ao decidir não morar com ele. E, a partir de um impulso ocasional, em meio a uma situação social de pessoas com mais posses, viaja para um final de semana em Paris. Na segunda tem uma entrevista com a diretora do ballet Colleen (d’Ambroise), que lhe oferece um emprego de secretária, que ela recusa. Após mais algumas errâncias, Frances aceita o convite de secretária e coreografa seu primeiro espetáculo.

Se a espontaneidade é o principal valor dessa produção, principalmente quando se leva em questão os padrões cinematográficos norte-americanos, também se torna em grande parte sua fraqueza – pois aquilo que pode ser considerado demasiado independente e espontâneo ou intimista (por exemplo, o fato dos pais de Frances ser os pais da atriz e viverem de fato em Sacramento) para esses padrões, continuam se assemelhando a um nível de produção muito além de boa parte da produção internacional similar, inclusive em termos de experimentação narrativa para não dizer mais amplamente formal. É verdade que existe momentos tocantes, como aquele em que Frances de forma singela afirma sua necessidade de ter alguém que a ame ou ainda a vulnerabilidade discreta no momento da despedida dos pais em meio a uma penca de alusões, sobretudo sonoras, aos filmes da Nouvelle Vague e muitas situações demasiado banais e infantis para seguir sugerirem o brilho dos “tempos mortos” da produção francesa de meio século anterior que admira. Citada por demais, a cidade de Nova York pretende ser o que Paris, aqui entrevista rapidamente no “final de semana perdido da protagonista” fora para os cineastas da Nouvelle Vague – façanha talvez melhor conseguida pelo contemporâneo Shame. O filme tira partido do atrapalhamento de Frances, vivido com uma ênfase ocasionalmente excessiva por Gerwig, para buscar o olhar solidário do espectador, sobretudo com determinado viés geracional e sócio-econômico, incapaz de se identificar de todo com os personagens demasiado redondos da produção mais convencional. Talvez o que mais se torne saliente é que apesar de seu ritmo de comédia dramática, o filme é permeado do início ao final pela melancolia e inquietação de sua protagonista. Pine District Pictures/RT Features/Scott Rudin Prod. para IFC Films.86 minutos.