Filme do Dia: Van Gogh - Vida e Obra de um Gênio (1990), Robert Altman
Van Gogh - Vida
e Obra de um Gênio (Vincent & Theo,
EUA, 1990). Direção: Robert Altman. Rot.
Original: Julian Mitchell. Fotografia: Jean Lépine. Música: Gabriel Yared. Montagem:
Françoise Coispeau & Geraldine Peroni. Com: Tim Roth, Paul Rhys, Adrian
Brine, Anne Canovas, Jean-Pierre
Cassel, Bernadette Giraud, Jean-François
Perrier, Johanna ter Steege, Vincent
Vallie, Wladimir Yordanoff.
Vincent Van Gogh (Roth) sofre ao sentir o desprezo
que o mercado de arte tem para com sua obra. Muitas de suas frustrações se
refletem na complexa relação que tem com o irmão Theodore (Rhys), que consegue
montar sua própria galeria e, apesar de sifilítico, possui maior sorte com as
mulheres, mas que não consegue impulsionar a venda de quadros do irmão, embora
o sustente. Ao passar a viver com a prostituta Marie (Canovas), que
eventualmente lhe servia de modelo, apenas sente crescer o estigma que a
sociedade lhe dirige. Acolhido pelo Dr. Gachet (Cassel) após uma de suas
crises, que ao mesmo tempo teme sua proximidade da filha Marguerite (Giraud), divide
apartamento com Paul Gauguin (Yordanoff), com quem, no entanto, não consegue
levar uma vida em comum. Van Gogh fura sua própria orelha. Enquanto isso, seu
irmão se envovle com a irmã de um amigo, Jo Bonger (Steege). Completamente
impossibilitado de levar a vida adiante, tal o nível de desestruturação e
solidão que sente, Van Gogh atira contra si próprio, não resistindo e morrendo dias
depois no hospital, ao lado do irmão. Esse, com sua sífilis agravada ao ponto
de já não mais poder urinar, morre no ano seguinte, ainda vivendo para
presenciar um espaço onde se encontram expostas obras do irmão Vincent.
Deixando
de lado efeitos fáceis , como uma grandiloquente trilha sonora unida à
tragicidade do tema poderiam sugerir, Altman trabalha aqui no campo oposto. Com
descrição e reserva, sem nunca apelar para o sentimentalismo, tanto na forma
quanto na interpretação dos atores, o único e bem-vindo excesso é o da
fotografia do mestre Lépine, que procura trabalhar com o forte brilho que era
característico das obras de Van Gogh. Roth, mais conhecido por seus papéis
cômicos em que exagera nos trejeitos, conseguiu surpreendentemente sair-se bem
na pele do pintor. No prólogo, mesmo que a alternância entre o leilão de um
quadro de Van Gogh por vários milhões de dólares em Nova York contemporânea e a
miséria que atravessa Van Gogh soe desnecessária, provoca um certo efeito ao
contrastar cenas aparentemente documentais com a recriação fictícia do universo
do pintor. Aliás as referências aos quadros famosos do pintor se encontram a
todo momento, seja na figura do médico Gachet ou no famoso campo de girassóis
em que Van Gogh atira contra si. Belbo Films /Arena Films. 138 minutos.
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