The Film Handbook#159: James Ivory
James Ivory
Nascimento: 07/06/1928, Berkeley, Califórnia, EUA
Carreira (como diretor): 1963-
Cedo em sua carreira, James Ivory ganhou reputação enquanto diretor de filmes independentes de baixo custo de rara sensibilidade. Porém, com o passar do tempo, sua ênfase em um discreto bom gosto e seu pendor para qualidades literárias tem se petrificado em embotamento e previsibilidade.
Após realizar uma série de trabalhos estudantis durante os anos 50, Ivory desenvolveu uma paixão pela Índia, um país que incluía o choque entre culturas que se tornaria seu tema permanente; de fato, desde 1963 ele tem trabalhado consistentemente com o produtor Ismail Merchant e, quase tão frequentemente, com a romancista polonesa-indiana Ruth Prawer Jhabvala. Seu primeiro filme digno de nota, Shakespeare-Wallah>1, analisando o imperialismo britânico através da viagem de um trupe de atores ingleses, saudado por sua modesta e cuidadosamente equilibrada narrativa de um romance inter-racial e seus personagens discretamente excêntricos; menos impressionante e sólido foi A Magia do Guru/The Guru (sobre uma estrela pop britânica na Índia para lições de cítara), enquanto Bombay Talkie, no qual um escritor americano tem um caso com uma atriz de cinema indiana foi uma desajeitada mescla das preocupações habituais de Ivory com o musical populista indiano. Um primeiro longa americano, Savages>2, foi um portentosa e simplista alegoria da vida primitiva folclórica em uma casa de campo deserta, imitando a decadência das socialites dos anos 30, antes que voltassem aos seus antigos modos; Festa Selvagem/The Wild Party, por sua vez, foi incomumente vibrante enquanto seguia as celebrações do retorno de um comediante da era silenciosa ao longo de seu tortuoso caminho rumo ao assassinato. Por volta desse momento, a qualidade dominante de Ivory parecia ser ou a sua versatilidade peculiar ou a ausência de compromisso, a depender do ponto de vista; retrospectivamente, a ironia fácil e saliente e a ênfase numa decoração lustrosa em seus filmes posteriores, parece sugerir a última opção, ainda que Roseland>3, uma trilogia de contos revelando as esperanças perdidas de solitários envelhecidos que frequentavam um famoso salão de baile nova-iorquino, por vezes seja surpreendentemente tocante.
Desde então, a parceria Merchant-Ivory se voltou crescentemente para romances como inspiração - Jean Rhys (Luxúria/Quarteto) e, ainda mais notavelmente, Henry James (Os Europeus/The Europeans, Um Triângulo Diferente/The Bostonians) e E.M. Forster (Uma Janela para o Amor/A Room with a View>4, Maurice), ambos os quais seguiam a obsessivamente continuada descrição íntima dos conflitos de classe e culturais do diretor. Esse tema atingiu talvez seu ápice no ingênuo Verão Vermelho/Heat and Dust, sobre uma mulher tentada a seguir os passos de sua tia-avó, cujo romance com um príncipe indiano, nos anos 20, levam-na a um exílio escandaloso. Todos esses filmes, no entanto, apesar de notáveis por suas interpretações eficientes foram inócuos e sem verve, suas aparências imaculadamente polidas falhando em iluminar às complexas sutilezas psicológicas de seus originais. A ênfase no bom gosto e nas referidas ironias resultaram em ausência de paixão (fatal nos estudos das emoções humanas) enquanto os detalhados tableaux ambientados em paisagens brilhantemente nostálgicas ecoam as dos dramas de época da TV em sua literalidade. De fato, a crescente popularidade recente da obra de Ivory sugere a capacidade de se transformar a literatura em clássicos para iniciantes: Uma Janela para o Amor trai a oblíqua engenhosidade satírica de Forster através de um alargamento excessivo da comédia, enquanto a crescente semelhança repetitiva dos filmes implica uma escassez de imaginação ou um manipulativo cinismo comercial.
Cronologia
Ivory tem demonstrado sua admiração por Satyajit Ray; seu pendor literário o alinha mais aproximadamente com diretores britânicos que norte-americanos, embora ele possa ser visto como um Wyler menor e tardio. Comparações com a carreira final de Visconti também são interessantes.
Leituras Futuras
The Wondering Company (Londres, 1983), de John Pym
Destaques
1. Shakespeare-Wallah, Índia, 1965 c/Shashi Kapoor, Felicity Kendal, Geoffrey Kendal
2. Savages, EUA, 1972 c/Louis Stadlen, Thayer David, Anne Francine
3. Roseland, EUA, 1977 c/Theresa Wright, Geraldine Chaplin, Christopher Walken
4. Uma Janela para o Amor, Reino Unido, 1985 c/Helena Bonham-Carter, Maggie Smith, Julian Sands
Texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres: Longman, 1989, pp. 138-9.
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