Filme do Dia: Melô (1986), Alain Resnais
Melô (Idem, França, 1986). Direção: Alain Resnais. Rot.
Adaptado: Alan Resnais, baseado na peça de
Henri Bernstein. Fotografia: Charles Van Damme. Música: M.
Philippe-Gérard. Montagem: Albert Jurgenson. Com: Sabine Azéma, Pierre Arditi, André Dussollier, Fanny Ardant, Jacques Dacqmine, Catherine
Arditi.
Pierre (Arditi) e sua esposa Romaine (Azéma) -
carinhosamente apelidada pelo marido de Dimanche recebem o amigo de longa data
de Pierre, Marcel (Dussollier). Embora Marcel enfatize que eles parecem possuir
uma felicidade que não lhe acompanha, apesar da fama - é um violonista de
renome internacional - Romaine sente-se grandemente entusiasmada por ele, marcando
um encontro no seu apartamento, fazendo questão que seu marido não seja
convidado. No dia seguinte, os dois ensaiam no apartamento de Marcel, que após
repudiá-la como vulgar num primeiro momento, pede que vá com ele para uma
boate. Quando se encontram em clima romântico na boate, surge Pierre. Mesmo
assim, ambos vão dormir no apartamento de Marcel, e sentindo-se fortemente
apaixonados. Porém, além da culpa habitual, na noite em que Romaine combinara
fugir com Marcel, Pierre sente-se extremamente mal, sendo auxiliado em grande
parte pela prima que mora próxima. Após a chegada do médico (Dacquimine)
Romaine desaparece. Sua instabilidade emocional torna-se insuportável e ela suicida-se.
Pierre casa-se com a prima, Christiane (Ardant), fato que Romaine já havia
previsto na carta-testamento que lhe deixou. Pouco antes de partir para Túnis
por motivos profissionais e, sabendo que Marcel se encontra em Paris, Pierre
visita-o e tenta de toda forma conseguir a confissão de que ambos foram
apaixonados, para que possa se sentir menos atormentado, embora Marcel negue
categoricamente. Porém quando Pierre pede-lhe que toquem juntos a peça favorita
de Romaine, esse indiretamente confirma tudo sobre seu relacionamento com ela,
afirmando a Pierre que esta o amava profundamente, já que sua última mensagem
fora endereçada a ele.
Destaque
para a seqüência inicial, a mais longa do filme, onde através da predominância
de longos planos, elaborada movimentação de câmera, composição de imagem
(principalmente no que se refere a distribuição dos atores no campo), ritmo
perfeito e um enquadramento que destaca o plano perpendicular, Resnais consegue
criar um singular senso de intimidade e conforto - que culmina com o mais longo
plano do filme, que no final destaca as reminiscências amorosas mal-sucedidas
de Marcel em close-up. Infelizmente a
virtuosidade presente nessa primeira seqüência perde força com o continuar da
narrativa, sobressaindo-se, no entanto, em alguns momentos posteriores, como na
breve e bela seqüência que sugere serem os momentos finais anteriores ao
suicídio de Romaine. Na seqüência final percebe-se, em oposição a inicial, uma
montagem mais dinâmica, com destaque para o tradicional plano/contra-plano,
construindo uma atmosfera de tensão também igualmente contrária ao início. Como
que para reforçar ainda mais a característica marcadamente teatral do filme,
certas sequências, todas pontuadas por fusões, iniciam com a representação de
uma cortina de teatro, assim como em certas cenas a iluminação (que possui uma
força dramática considerável) é gradativamente diminuída até deixar apenas
visível a silhueta dos atores. O resultado final é um intenso, ainda que
irregular, drama de câmara. CNC/Films
A2/MK2 Productions. 112 minutos.
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