Filme do Dia: As Aventuras de Juan Quin Quin (1967), Julio García Espinosa

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As Aventuras de Juan Quin Quin (Las Aventuras de Juan Quin Quin, Cuba, 1967). Direção: Julio García Espinosa. Rot. Adaptado: Julio García Espinosa, a partir do romance de Samuel Feijóo. Fotografia: Jorge Haydu. Música: Léo Brouwer, Manuel del Castillo & Luis Gomez. Montagem: Carlos Menéndez. Com: Julío Martínez, Edwin Fernandez, Adelaida Raymat, Enrique Santiestaban, Agustín Campos, Blanca Contreras.
Juan Quin Quin (Martínez) vive se envolvendo em confusões. Quando sacristão, por conta das mulheres que o assediam. Quando trabalhador, porque se defronta diretamente com a exploração, salvando-se da morte iminente. Com o ajudante Jachero (Fernández), envolve-se em atividades circenses com um leão e, posteriormente, tenta trazer as touradas espanholas para Cuba. Envolve-se por fim numa ação que articula a tomada de um quartel, sendo que os rivais sequestraram sua amada Teresa (Raymat) como refém.

Desde os primeiros fotogramas o que chama de imediato a atenção é a qualidade dos valores de produção (fotografia, enquadramento), mais parecendo ter sido produzido na década seguinte. Explicitamente brincando com os códigos do western de forma pretensamente subversora – aqui as atitudes do herói quixotesco são menos voltadas para seus próprios interesses que para os da comunidade como um todo – através de uma trilha sonora triunfante, planos demasiado amplos e enquadramentos rebuscados, que acabam se chocando com a pasmaceira de um cotidiano pouco afeito ao tom épico evocado, o filme é prejudicado por sua falta de ritmo e por uma utilização de comentários reflexivos de forma menos instigante que a de colegas que produziam contemporaneamente (notadamente A Morte de um Burocrata, de Aléa). As referências cinéfilas aqui são, à exceção do cultuado Chaplin, ídolo inquestionável de então em Cuba e a quem Espinosa se refere sobretudo a O Circo, mais voltadas ao gênero como um todo que a filmes específicos. O vilão-mor evidentemente possui sotaque anglo-saxão e é efeminado. Tendo se arriscado pessoalmente nas situações que seu personagem exigia, que deslocam situações de risco típicas de heróis como James Bond para o universo do trabalho, Martínez, de carreira inexpressiva posterior, será recrutado como dublê em Titanic. Ao transformar motivações de gênero/e ou caracterização como o western como pretexto para uma mensagem irônica ideológica subliminar, paralelos podem ser traçados com As Aventuras Extraordinárias de Mr. West no País dos Bocheviques (1924), de Lev Kulechov. ICAIC. 112 minutos.

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