Filme do Dia: Perdido em Marte (2015), Ridley Scott

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Perdido em Marte (The Martian, EUA/Reino Unido, 2015). Direção: Ridley Scott. Rot.Adaptado: Drew Goddard, a partir do romance de Andy Weir. Fotografia: Dariusz Wolski. Música: Harry Gregson-Williams. Montagem: Pietro Scalia. Dir. de arte: Arthur Max & Marc Homes. Cenografia: Celia Bobak & Zoltán Horváth. Figurinos: Janty Yates. Com: Matt Damon, Jessica Chastain, Kristen Wiig, Jeff Daniels, Michael Peña, Chiwetel Ejiofor, Sean Bean, Kate Mara, Sebastian Stan, Donald Glover.
Numa missão tripulada ao Planeta Vermelho, Mark Watney (Damon) é dado como morto. Sozinho, no entanto, consegue cuidar do próprio ferimento que possui e se acercar da sua situação, incluindo observar a quantidade de alimento que possui em relação aos dias e se fazer comunicar com o centro espacial da NASA. Essa, sob relutância de seu próprio homem forte, Teddy Sanders (Daniels) e influência de Vincent Kapoor (Ejiofor), relata mais de dois meses após ao restante da missão que Mark se encontra vivo e cogita algo como um plano de resgate, que Sanders não admite que seja efetuado pela própria missão, mas que sua líder, Melissa Lewis (Chastain), observa com outros olhos.

Mesmo aborrecido e sem o mesmo apelo de algumas tramas favoritas do gênero (viagem espacial, invasão terráquea, fim do mundo), o filme não se abstém por completo de golpes de efeito, como o previsível momento em que tanto o diretor das missões para Marte quanto Mark Watney falam Pathfinder, referindo-se a sonda espacial propriamente dita em Marte e o seu modelo na Terra diante dos quais respectivamente se encontram. Ou ainda a convencional contraposição entre o frio e impessoal burocrata vivido por Jeff Daniels e o carismático e impetuoso de Chiwetel Ejiofor, não por acaso negro. Quando a batalha já parece ganha cedo demais, com missão de resgate já sendo encomendada e Watney se sentindo cada vez mais autoconfiante como o Robinson Crusoé do espaço, triunfo da engenhosidade humana (humana norte-americana mais especificamente) sobre as adversidades naturais e tecnológicas uma explosão vem redefinir a situação. Outro mega-clichê é o do garoto que sabe mais do que qualquer um dentro da própria NASA um plano eficiente para salvar Watney. E que ele tenha que ser algo hippie, desastrado, negro e, enfim, carismático tampouco é surpreendente. É a velha prédica liberal que não importa quem você seja ou as aparências, mas o que de fato você traz como conhecimento somando-se ao oportunismo politicamente correto demasiado raso para ser minimamente convincente. De preferência, e de forma romanticamente idealizada, à margem do universo corporativo institucionalizado. Cautela é sinônimo de covardia na figura do burocrata que não pretende arriscar 5 vidas por uma. A chatice é completada por trilha e planos grandiloquentes da caravana de um só, Watney, rumo a sua única chance de salvação. E pelo uso de canções pop já por demais conhecidas como Hot Stuff, Starman ou Waterloo como suposto (e mal sucedido) efeito de empatia com o público. Apresentadas diegeticamente ou não, a utilização de sucessos da época da discoteca, única opção disponível para Watney, criam uma ponte entre a situação mais inimaginável com algo de trivialmente reconhecível por qualquer espectador mediano. Como última e não menos previsível imagem, Mark apresenta seu exemplo de “superação” para potenciais ingressantes à carreira de astronautas. Habituais referências não faltam, como a da clássica cena da prática de atividade física de 2001. Twentieth Century Fox Film Corp./TSG Ent./Scott Free Prod./Genre Films/International Traders/Kinberg Genre/Mid Atlantic Films para Twentieth Century Fox Film Corp. 144 minutos.

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