Filme do Dia: Revolución (2010), Mariana Chenilo, Fernando Eimbcke, Amat Escalante, Gael García Bernal, Rodrigo García, Diego Luna, Gerardo Naranjo, Carlos Reygadas, & Patricia Riggen
Revolución (México, 2010). Direção:
Mariana Chenilo (La Tienda de Raya),
Fernando Eimbcke (La Bienvenida),
Amat Escalante (El Cura Nicolas Colgado),
Gael García Bernal (Lucio), Rodrigo
García (La Séptima y Alvarado), Diego
Luna (Pacífico), Gerardo Naranjo (R-100), Rodrigo Plá (30/30), Carlos Reygadas (Este es Mi Reino), Patricia Riggen(Lindo y Querido). Rot. Original:
Fernando Eimbcke (La Bienvenida),
Patricia Riggen & Jorge Riggen (Lindo
y Querido), Amat Escalante (El Cura
Nicolas Colgado), Carlos Reygadas (Este
es Mi Reino), Gerardo Naranjo & Mauricio Katz (R-100), Laura Santullo (30/30),
Gabriel Nuncio & Diego Luna (Pacifico).
Fotografia: Alejandro Cantu (La
Bienvenida), Lula Carvalho (Lucio),
Lorenzo Hagerman (El Cura Nicolas Colgado),
Geronimo Denti, Miguel Lopez & Serguei Seldivar Tanaka (La Tienda de Raya), Gerardo Naranjo (R-100), Emiliano Villanueva (30/30),Sean Coles (La Séptima y Alvarado), Patrick Murgia (Pacifico), & Checco Varese (Lindo
y Querido). Música: Dario González
Valderrama (La Tienda de Raya),
Eduardo Gamboa (Lindo y Querido), Leo
Heiblum (Lucio) Andrew Grush &
The Newton Brothers. Montagem: Mariana Rodriquez (La Bienvenida), Miguel Schverdfinger (Lucio, Pacifico), Amat
Escalante (El Cura Nicolas Colgado),
Carlos Reygadas (Este es Mi Reino),
Agustín Banchero & Lucas Cilintano (30/30),
Josh Morrisroe (La Séptima y Alvarado)
& Mario Sandoval (Lindo y Querido,
La Tienda de Raya), Gerardo Naranja
& Mauricio Katz (R-100). Dir. de
arte: Nohemi Gonzalez (El Cura Nicolas
Colgado), Claudio R. Castelli (Lucio),
Alejandro Garcia Castro (La Tienda de
Raya), Ivone Fuentes (30/30),
Mariana Watson (Pacifico). Figurinos:
Daniela Valentine (La Bienvenida),
Ana Terrazas (Lucio, R-100), Nohemi Gonzalez (El Cura Nicolas Colgado),Gabriela
Fernandez (La Tienda de Raya), Malena
De La Riva (30/30) & Atzin
Hernández (Lindo y Querido), Mariana
Watson (Pacifico), Carlos Brown (La Séptima y Alvarado). Com: Ansberto
Flores Lopez, Adriana Barazza, Ramon Duran, Isaac Figueroa Borquez, Samantha
Mayer, Hector Cortes Barrientos, Ambar Sixto Marroquin, Monica Bejerano, Noe
Hernandez, Manuel Jimenez, Justo Martinez, Ariel Brickman.
La Bienvenida.
Um pobre tocador de tuba de um vilarejo (Lopez) nunca consegue encontrar tempo
para ensaiar. Lindo y Querido.
Americana (Barazza) de origem mexicana, sem dinheiro para efetuar o traslado,
transporta o corpo de seu pai (Duran) para o México como se estivesse
vivo. Após lá chegar, toda sua
resistência para com a terra onde nasceram seus pais se vê diante de tantas
homenagens por seus velhos amigos e suas famílias, e não resiste. Lucio. Omarcito (Borquez) é uma criança
que choca as outras ao defender seu paganismo e sua falta de submissão ao que
não considera além de ídolos. Sua avó (Mayer), no entanto, reprime-o de forma
violenta. El Cura Nicolas Colgado.
Padre dependurado em uma árvore é encontrado por duas crianças (Barrientos e
Marroquin) que vagam por uma região desértica, fugindo da aldeia onde quase
todos foram massacrados. Elas o libertam e conseguem chegar a uma cidade
grande, onde vagam pedindo esmolas para se alimentarem. Este Reino is Mi Reíno. Uma grande festa em uma província, onde a
polícia não pode entrar e atos de violência, assim como extremamente inusitados,
ocorrem em um “território” que parece ter suas próprias leis. La Tienda de Raya. Empregada (Bejerano)
de um supermercado é assediada por um superior com convites para saídas, ao
qual ela reage positivamente. Ao mesmo tempo, sem conseguir comprar o que
pretendia para sair com o seu pretendente, entra com uma ação judicial,
influenciada por um advogado que observa que a loja paga parte de seu salário
com vales. Ela é demitida. R-100. Um
homem (Hernandez) toma medidas desesperadas em uma rodovia para tentar ajudar o
seu amigo ferido (Jimenez). 30/30.
Francisco (Martinez), neto mais velho do líder revolucionário Pancho Villa, é
convidado para um tributo em comemoração aos cem anos da revolução e é vaiado e
insultado por boa parte dos presentes. Convidado a participar de outro evento,
quando já encontra na estrada, pede que o motorista o leve de volta ao
aeroporto. Pacifico. Um empreendedor
(Brickman) decide visitar um local onde pretende montar um negócio. Revoltado
com a forma peculiar com que as coisas ocorrem por lá, reavalia sua própria
vida e retorna para encontrar o filho. La
Séptima y Alvarado. Grupo de revolucionários mexicanos trajados a rigor se
movimentam por um cruzamento movimentado de Los Angeles, sem que os moradores
locais dêem a mínima importância.
Com propostas visuais e narrativas
bem diversas – e, evidentemente, resultados idem – esse projeto coletivo tem ao
menos um indicativo comum, o de não se voltar para uma representação histórica
da Revolução Mexicana. Se existe referências históricas, essas acabam sendo
ressaltadas sobretudo pela persistência de condições de miserabilidade e
violência no México contemporâneo ou ainda por aquele que sugere que a
narrativa se ambienta no passado – assim pode ser lido o episódio sobre o padre
e as crianças, um dos mais instigantes tanto em termos de narrativa quanto
visualmente, iniciando com a imagem do padre amarrado de cabeça para baixo em
uma árvore tal qual um morcego. O descampado, o burrico e as vestes de todos,
assim como a fotografia em p&b sugerem uma história do passado; mas logo o
trio se aventura pelas ruas de uma cidade grande contemporânea, evocando os
mundos paralelos que Gláuber Rocha se referiu ao final de O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (não faltando símbolos
icônicos da modernidade capitalista; lá a Shell, aqui MacDonald’s, por si
bastante significativos de períodos diferentes do mundo moderno: um centrado na
atividade produtiva, outro no lazer e consumo). Ou ainda, involuntariamente, na
própria continuidade de um nacionalismo renitente, a seu modo tão tosco quanto
o presente em filmes do cinema clássico mexicano (Primero Soy Mexicano, dentre muitos outros), em sua esquemática
reapropriação de uma mulher que já se considera norte-americana com a generosa
cultura de seus pais, que havia renegado. Se Reygadas apresenta o curta mais
afinado com certas disposições de um cinema contemporâneo valorizado por seu
excessivo tom lacônico, ao apresentar de forma enigmática e truncada o que
seria uma representação da continuidade da violência, simbólica e física, de
uma festa no qual não se encontram ausentes norte-americanos, o último dos
curtas é o mais visualmente impactante. Destituído de qualquer esboço
narrativo, apresenta em câmera lenta e imagens tão vibrantes quanto as do
célebre muralismo, um tableaux vivant
no qual revolucionários mexicanos atravessam um famoso cruzamento de Los
Angeles em meio aos seus impassíveis moradores, ao som de uma música do The
Newton Brothers. Poucas vezes esse confronto entre “arcaico/moderno”,
“latino/WASP”, “épico/casual” ganhou uma expressão tão vibrante e
simbolicamente carregada. Juntamente com o episódio da trabalhadora da loja de
departamentos, que consegue uma aproximação oblíqua do que parecia se antecipar
como sendo uma história romântica, de forma menos esquemática que um modelo de
realismo pretensamente próximo de um Ken Loach parecia sugerir, provavelmente é
o mais organicamente bem resolvido dos curtas. Existem outros que se passa sem
muito se deter, tal a sua insipidez e/ou esquematismo como os curtas dirigidos
por dois dos produtores do filme, atores que ganharam destaque internacional,
sobretudo a partir de E Sua Mãe Também,
Diego Luna e Gael García Bernal. Ainda que o tom algo ufanista sobressaia em Lindo y Querido, é mais para o oposto
que se encaminha o tom geral do filme – sem faltar algo de esquemático nessa
opção, até mesmo por parte daqueles curtas que aparentemente menos se
prestariam a tal, como é o caso da cena em R-100,
no qual um homem carrega o corpo de outro ao lado de um viaduto onde se
encontra escrito em letras garrafais Mexico
Vive; e no caso do curta de Patricia Riggen tal “despertar nacionalista” ao
final ocorre sem uma muldura em grande parte irônica ela própria. Canana
Films/IMCINE/Mantarraya Producciones. 105 minutos.
Comentários
Postar um comentário