Filme do Dia: O Einstein do Sexo (1999), Rosa von Praunheim
O Einstein do Sexo (Der Einstein des Sex - Leben und Werk
des Dr. M. Hirschfeld, Alemanha/Holanda/França, 1999). Direção: Rosa von
Praunheim. Rot. Original: Chris Kraus, Valentin Passoni, Rosa von Prauheim
& Friedl von Wangenheim. Fotografia: Elfi Mikesch. Música: Karl-Ernst Sasse. Montagem: Michael E.
Shephard. Com: Friedl von Wangenheim, Kai Schuhmann, Tima die Goettliche, Meret
Becker, Otto Sander, Olaf Drauschke, Gerd Lukas Storzer.
Na Alemanha do final do
século XIX, o acadêmico de medicina Magnus Hirschfeld (Schuhmann)
escandaliza-se pela forma pouca humana que a homossexualidade é recebida por
parte dos cientistas. Porém suas aspirações de tratar a sexualidade humana de
uma maneira diversa não recebe o encorajamento nem mesmo do companheiro com
quem vive um relacionamento amoroso à época, que acredita ser tolice
sentimental. Tal estigma o perseguirá ao longo de sua carreira, inibindo-o de
vivenciar relações afetivas, ao mesmo tempo que dedica-se de corpo e alma a
causa científica, e cria um movimento político que pretende
reverter o artigo 195, que condena a prática homossexual como criminosa. Com o
passar dos anos, Hirschfeld (Völz) consegue realizar seu maior sonho, a criação
de um instituto para estudar a sexologia humana. Um de seus parceiros é o fiel
empregado Dörchen (Goettliche), que nutre uma paixão pelo cientista que reluta
em confessar. Ao mesmo tempo, apaixona-se pela primeira vez por um jovem que
desejara trabalhar com ele. Porém tanto a relação com o jovem é rompida, como o
Instituto é depredado pelos nazistas em ascensão. Hirschfeld que, no momento,
vive uma relação com outro jovem estudante, morre em Paris.
Inicialmente essa produção modesta e
com aparência de ter sido realizada para TV pode parecer mais uma demagógica e
maniqueísta visão glorificadora da homossexualidade, motivo de crítica de
Fassbinder ao cineasta. Aos poucos, no entanto, Praunheim consegue se desvencilhar
de uma visão meramente apologética como a de filmes como Eduardo II, de
Jarman, e apresenta um quadro mais complexo das tendências dos grupos
homossexuais envolvidos, assim como dos próprios personagens – a tensa relação
do líder do movimento, já uma figura célebre, com sua própria
sexualidade. O tom cômico, que pretende motivar um maior contato com a
audiência, é dado pelo personagem Dörchen. Sua narrativa convencional, que
acompanha o período histórico que vai do final do século XIX até a década de
1930 é pontuado por imagens de arquivo, nunca chega a ser enfastiante por
completo, embora falte um pouco de ritmo na terça parte final, que talvez fosse
beneficiada por uma montagem mais enxuta. Argus Film/HR/Rosa von Prauheim
Filmproduktion/Studio Babelsberg/VPRO/arte. 100 minutos.
Comentários
Postar um comentário