Filme do Dia: Orfeu do Carnaval (1959), Marcel Camus


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Orfeu do Carnaval (Orphée Noir, França/Brasil/Itália, 1959). Direção: Marcel Camus. Rot. Adaptado: Marcel Camus & Jacques Viot, baseado na peça teatral Orfeu da Conceição, de Vinícius de Moraes. Fotografia: Jean Bourgoin. Música: Antônio Carlos Jobim e Luís Bonfá. Montagem: Andrée Félix. Cenografia: Loup Bonin. Com: Breno Mello, Marpessa Dawn, Lourdes de Oliveira, Lea Garcia, Waldemar de Souza, Alexandre Constantino, Jorge dos Santos, Adhemar Ferreira da Silva.
             Orfeu (Mello) é um sambista líder em sua comunidade e conquistador incorrigível que se apaixona por uma novata que chega ao morro no dia que antecede o carnaval, Eurídice (Dawn) e véspera de seu casamento com a sua fogosa e atrevida noiva, Mira (Oliveira). Completamente apaixonado por Eurídice, Orfeu a tenta salvar inutilmente dos braços da morte (Silva), que a persegue há muito tempo. Após uma longa busca consegue encontrar seu corpo e se dirige para a comunidade com ela em seus braços. Leva uma pedrada da noiva ciumenta e desaba no despenhadeiro.
             Essa transposição da lenda mítica adaptada por Vinícius de Moraes possui entre seus maiores charmes as composições de Jobim e Bonfá (algumas delas compostas especialmente para o filme, como Manhã de Carnaval) e uma visão hiper-realista de um Rio completamente contagiado pela alegria do carnaval, permeado por uma malícia e sensualidade de tempero bem nacional (não é a toa que os diálogos foram escritos por Vinícius). O casal representado por Serafina, prima de Eurídice, e seu amante  Chico são um modelo de sensualidade brejeira e comicidade. Infelizmente, o filme perde o ritmo da metade para o final, prejudicado tanto por uma montagem não muito competente e por algumas atuações inconvincentes (inclusive do protagonista Mello). Execrado pela geração cinema-novista, que se ria de sua falta de sensibilidade social - o que evidentemente está longe de ser seu objetivo - e visão “rósea” da realidade tratada, ainda assim consegue se provar mais bem sucedido e pleno de humor que sua versão “politicamente correta” dirigida por Cacá Diegues, produzida quarenta anos depois. Porém nem esse filme e muito menos o de Diegues conseguem traduzir a dimensão mítica presente no Orfeu (1950) de Cocteau, também uma adaptação para a realidade contemporânea. Assim como O Tambor (1979), de Volker Schlöndorff, foi um dos poucos filmes que acumulou a Palma de Ouro e o Oscar de melhor filme estrangeiro. Dispat Film/Genna Film/Tupã Filmes. 100 minutos.

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