Filme do Dia: A Janela (2008), Carlos Sorin


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 Janela (La Ventana, Argentina, 2008). Direção e Rot. Original: Carlos Sorin. Fotografia: Julián Apezteguia. Música: Nicolás Sorin. Montagem: Mohamed Rajid. Dir. de arte: Rafael Neville. Com: Antonio Larreta, Emilse Roldán, María del Carmén Jiménez, Alberto Ledesma, Roberto Rovira, Jorge Diaz, Marina Glezer, Carla Peterson, Arturo Goetz.

Velho escritor enfermo que nunca conseguiu deslanchar de todo em sua carreira e mora em uma antiga casa em uma província afastada da capital, Antonio (Larreta), prepara-se com a ajuda de duas auxiliares (Jiménez e Roldán), para receber a visita do filho.  O médico (Goetz) o visita. Antonio pede que sirvam uma velha garrafa de champanha quando o filho (Diez) chegar. Contrata  um pianista para afinar o piano  há muito não usado, pois o filho é pianista de sucesso na Europa. Antonio consegue dar uma escapada e passeia pelos campos, logo se sentindo mal. É encontrado por duas jovens que vão até sua residência buscar socorro. Antonio é transportado para a casa. Seu filho chega com a companheira (Peterson) a noite.

Sorin, que já havia demonstrado seu gosto por histórias de relativa rarefação dramática (Histórias Mínimas, O Cachorro), aqui constrói uma narrativa onde mais radicalmente, a rigor,  nada ocorre. Como nos dois outros filmes, há o personagem idoso e solitário que pretende se livrar das convenções que o acorrentam a uma vida doméstica na qual a formalidade há muito já superou qualquer relação de maior significação efetiva. Aqui, ao contrário dos outros, o personagem é de uma classse social mais abastada e de perfil intelectual. Sorin volta a fazer uso de vários atores que vivenciam tipos de alguma forma evocativos de si próprios – para além dos nomes idênticos entre atores e personagens, também há uma identidade  ao menos profissional entre seu personagem principal e Laretta, menos ator que escritor e roteirista, o que também se presume se estenda para outros membros do elenco em que também exista a identidade entre seu nome real e personagem. Ainda que tenha depurado ainda mais sua dramaturgia centrada em eventos “mínimos” do cotidiano, o filme parece menos interessante que seus antecessores mais convencionais. Não faltam tampouco situações clichês como a do enfermo rodeado apenas pelo incessante tiquetaquear de relógios, destacados em meio o excessivo silêncio (não há como não evocar Gritos e Sussurros, de Bergman). É justamente quando pretende investir num psicologismo “profundo”, como também é o caso das seqüências que abrem e fecham o filme que se torna menos interessante. Fica um abismo incômodo entre a intenção e sua representação visual. Expressar a subjetividade em um meio tão potencialmente resistente a isso continua sendo uma façanha para poucos. Guacamole Films/Wanda Visión S.A. 85 minutos. 

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