Filme do Dia: Jorge Mautner: O Filho do Holocausto (2012), Pedro Bial & Heitor D'Alincourt
Jorge Mautner: O Filho do Holocausto
(Brasil, 2012). Direção: Pedro Bial & Heitor D’Alincourt. Rot. Original:
Pedro Bial. Fotografia: Gustavo Hadba. Montagem: Leyda Nápoles. Dir. de arte:
Gualter Pupo Filho. Cenografia: Denis Netto.
Documentário que busca mesclar
trajetória artística e biográfica a partir da própria fala de seu biografado,
em boa parte lendo trechos de seu próprio livro (sugerido como leitura ao
final), que dá mote ao subtítulo do filme, de imagens de arquivo (a maior parte
delas não exatamente lugar comum, mesmo em se tratando de Getúlio Vargas e
Hitler), de apresentações com a presença de ilustres convidados como Caetano
Veloso e Gilberto Gil, assim como depoimentos de uns poucos, além de Veloso e
Gil, como a própria filha de Mautner, Aguilar, Ottaviano de Fiore, Elizabeth de
Fiore, Susanne Bial. A isso se acresce uma viagem aos arquivos de imagens
pessoais ou profissionais do próprio Mautner, de uma foto com a sumária sunga
que fazia a filha ter vergonha quando ia a escola à hilariante apresentação em
um programa de auditório da Globo em 1974, passando por uma entrevista dos idos
da década de 70 com Nélson Motta. A presença discreta de Bial se faz quase
implícita no áudio por vezes presente nas perguntas elaboradas a Mautner, numa
entrevista antiga ou ainda na aparente implicação do próprio Bial com a temática
dos refugiados judeus no Brasil durante a Segunda Guerra, com a presença de uma
sua parente (?) dentre os depoentes. Filho de um refugiado judeu e de uma
francesa, que irá se unir a um novo companheiro, cujo avô, com quem morará, era
um “simpático pintor nazista” ao contrário da sua mulher, chamada pelo próprio
marido de “bruxa”, rigorosa e de poucos mimos, possibilitando uma versão para
Mautner da centopeia de influências musicais que forjarão sua música, observada
com simpatia e respeito como centrada basicamente em três acordes, como lembra
Nelson Jacobina, seu parceiro musical e fora dos palcos, falecido durante o
trabalho de pós-produção e a quem o filme é dedicado. Não faltam momentos de
discreta e engenhosa inventividade, como quando Mautner declama sobre uma
menina que engole fogo e observamos um traçado quase abstrato de sua sombra ou
quando sua apresentação junto a um quarteto vocal numa música em que ironiza o
autoritarismo se travestindo ele próprio de Hitler. Assim como de forte carga
emocional, como quando Mautner afirma que toda sua obra e vida foi dedicada a
refletir sobre os eventos ocorridos em meados do século passado, que resultaram
na morte de praticamente toda a família de sua mãe ou quando se emociona com o
tributo prestado a ele por Gilberto Gil. Canal Brasil. 93 minutos.
Comentários
Postar um comentário