Filme do Dia: E Se Vivêssemos Todos Juntos? (2010), Stéphane Robelin
E Se Vivêssemos Todos Juntos? (Et Si On Vivait Tous Ensemble?,
França/Alemanha, 2010). Direção e Rot. Original: Stéphane Robelin. Fotografia:
Dominique Colin. Música: Jean-Philippe Verdin. Montagem: Patrick Wilfert.
Cenografia: David Bersanetti. Figrinos: Jurgen Doenring. Com: Guy Bedos, Daniel
Brühl, Jane Fonda, Geraldine Chaplin, Claude Rich, Pierre Blanchard, Bernard
Malaka, Camino Texeira, Shemss Audat.
Jean Colin (Bedos), sugere numa
reunião com amigos de longa data que deveriam todos morar juntos. Com idade
avançada e começando a enfrentar dificuldades associada às limitações de saúde. Sua
esposa, Annie, acha a ideia completamente estapafúrdia. Porém, em pouco tempo é
o que ocorre. Já que Claude Blanchard (Rich), fotógrafo veterano, sofre um
infarto, após os excessos associados ao sexo com prostitutas e é enviado para
um asilo pelo filho, e o casal Jeanne (Fonda) e Albert (Richard) se encontra em
situação difícil. Ela, com um câncer devastador, ao qual não pretende se
submeter a cirurgia, ele com um processo cada vez mais acentuado de demência.
Um jovem alemão (Brühl) que prestava serviços ao casal, quando eles mudam para
a casa de Colin, e que escreve uma tese de antropologia, passa a estudar a
situação dos velhos na Europa, a partir do que presencia através dos dias que
lá passa. Logo, rusgas e revelações do passado emergirão, como o fato de Claude
ter tido um caso com as esposas de Jean e Albert ao mesmo tempo. Porém, a
amizade consegue superar esses obstáculos e se tornar ainda mais fiel após a
morte de Jeanne.
Dessa simpática comédia, com diálogos
eventualmente espirituosos e com atuações na medida certa – com destaque para o
carisma de Geraldine Chaplin – não se pode escusar duas observações de
imediato. A primeira, é que sem dúvida o filme dialoga, de forma um tanto
chamativa e ao mesmo tempo relativamente “suavizada”, com o processo de
envelhecimento da população europeia e por que não dizer, mundial e os custos disso em termos de
reorganização social; não sendo destituída de certa fragrância irônica que seja
justamente a geração que havia testemunhado a emergência do movimento hippie e da contracultura que venha
novamente a se debater com a ideia de se voltar a morar “comunitariamente”,
mesmo que os motivos agora sejam bem outros. A segunda, é que o filme remete a
uma tradição de certo cinema europeu (mas não restrito a este evidentemente,
tendo em vista a forte evocação imediata de filmes como As Invasões Bárbaras) que faz da reunião de amigos um motivo para
também se explorar mudanças trazidas pelo tempo. Aqui, nesse caso, tais ecos absorvem
igualmente uma certa indulgência para com os limites impostos pela vida e/ou
pelo esmorecimento de seus personagens diante dessa de forma talvez ainda mais
enfática que filmes como Nós que Nos
Amavámos Tanto (1975), de Ettore Scola. Dos traços específicos ou das
carreiras trilhadas por seus personagens, os únicos que se tornam palidamente
significativos no plano narrativo são o de ativista de Jean, tratado quase como
uma licença em relação ao seu passado e do fotógrafo obcecado por nus
femininos, sobretudo seios, vivido por Claude. Daí a se vincular, com certa
excessiva facilidade, Jean como a figura que propõe essa nova tentativa de vida
“comunitária” e Claude ter sido amante fogoso das duas mulheres de dois de seus
melhores amigos. Não se pretende aqui evidentemente forjar algo como um “ajuste de
contas” com o passado, pois aí acabaria se tornando soturno ou mesmo um drama;
antes uma forma de sobreviver de forma menos dolorida possível no presente. Les
films de la Butte/Rommel Films/Manny Films/Studio 37/Home Run Pictures para Bac
Films/The Match Factory. 96
minutos.
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