Filme do Dia: Branca de Neve (2000), João César Monteiro
Branca de Neve (Portugal, 2000). Direção: João César
Monteiro. Rot. Adaptado: João César Monteiro, baseado na peça de Robert Walser.
Fotografia: Mário Barroso. Montagem: Fátima Ribeiro. Com: Maria do Carmo Rôlo,
Ana Brandão, Reginaldo da Cruz, Luís Miguel Cintra, Diogo Dória.
Variações de interpretação sobre as
relações entre as pessoas que rodeiam Branca de Neve (voz de Rôlo) e ela
própria, sua morte e ressureição, nessa adaptação bastante radical de Monteiro,
que dispensa quase que totalmente as imagens pelo fundo negro. Resta ao
espectador o trabalho da própria imaginação que, embora semelhante ao da
literatura – sob o qual o filme parece prestar igualmente grande reverência nos
diálogos literários, ou melhor, não naturalistas da peça teatral na qual se
inspira. Reduzindo a atenção do espectador aos belos diálogos, o filme ao mesmo
tempo redimensiona o poder da imagem, que invariavelmente é a de um céu azul
mais ou menos nublado, sem contar a imagem inicial do caçador morto e a final
do próprio cineasta. Assim como a do som, que passa a ser um aliado importante
dentro do reduzido arsenal utilizado pelo realizador, seja através do ruído de
pássaros ou de composições de Heinz Holliger, Rossini e Salvatore Sciarrino. O
resultado final, para quem concorda com as novas regras do jogo impostas por
Monteiro (filmes que trabalham com tela clara ou escura aliadas a flicagem,
como os da vanguarda americana dos anos 1960,
não possuem aspirações narrativas e, tal recurso, foi utilizado em um
dos episódios de 11 de Setembro) é
bastante interessante e um testemunho de fé no ato de narrar, ainda que a
própria narrativa tampouco se dê um modo excessivamente transparente para
compensar a ausência de imagens. Madragoa Films/RTP/ICAM. 75 minutos.
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