Filme do Dia: Fábula (1965), Arne Sucksdorff
Fábula (Mitt Hem är Copacabana, Suécia/Brasil, 1965). Direção, Fotografia e Montagem: Arne Sucksdorff. Rot. Original: João Bethencourt & Flávio Migliaccio, sobre o argumento de Sucksdorff. Música: Luciano Perrone. Cenografia: José T. Araújo. Com: Antonio Pitanga, Dirce Migliaccio, Leda Santos, Álvaro Peres, Amaro Cavalcanti, Andrey Salvador, Antônio Carlos Fontoura, Antônio Lima, Cosme dos Santos.
Um grupo de meninos favelados e órfãos enfrentam a
dura realidade da sobrevivência no Rio de Janeiro. Aos poucos vão descobrindo
estratégias como a de criar uma pipa que consegue pegar a de todos os garotos na prai de Copacabana e revendê-las
em outro local da praia. Ao voltarem para seu barraco improvisado, necessitam
conviver com um grupo de marginais que se entricheirou no local e ensinam para
a maior parte deles a arte de furtar. Um deles, no entanto, é resoluto em não
aderir ao crime e prefere ser engraxate. Observam também os rituais de
candomblé nas areias da praia e se solidarizam com o garoto que fica adoentado
e decide voltar para o instituto penal em Caxambu, de onde fugiu.
Esse retrato de uma “infância perdida” possui a
habitual atração de Sucksdorff em dirigir animais – e no caso aqui mais
enfaticamente – crianças. Mesmo que seu tom possa ser considerado por demais
lírico para suas pretensões realistas, encontra-se bem mais próximo da estética
do primeiro Cinema Novo em suas pretensões de crítica social que a obra de
outro cineasta estrangeiro que é o Camus de Orfeu do Carnaval (1959). O resultado final, mesmo prejudicado pela
excessiva dispersão da trama, sobretudo do meio ao final, consegue ser menos
sufocado por uma visão carregadamente lírica como a de Manoel de Oliveira em Aniki Bóbó (1942). Nesse sentido já
aponta para o caráter de um crime organizado que possui inúmeras metralhadoras,
apresentando uma relação de maturação do
mesmo bem maior do que a geralmente evocada pela imprensa contemporânea e, mais
importante, antecipa uma possibilidade concreta de ser repudiado por setores
conservadores do momento em sua opção por retratar os despossuídos. Na trama,
tal antecipação profética (o filme seria censurado por cerca de um ano
exatamente por esse motivo) é encarnada pela personagem de um advogado de
meia-idade que se revolta com uma equipe de fotógrafos que decide tirar fotos
dos garotos da favela para exibir no estrangeiro, não apresentando as belezas
da cidade. Utiliza-se grandemente de um narrador off (Nélson Xavier). Sua mescla de lirismo e realismo com laivos de
denúncia social antecipa um estilo semelhante ao de Pixote (1980), de Babenco. Svenskfilmindustri. 88 minutos
sabe onde posso encontrar pra baixar ou compra-lo?
ResponderExcluirNão faço ideia amigo. E nem lembro tampouco onde o vi.
ResponderExcluirqualquer novidade se puder avisar ficarei agradecido. é que meu pai de 71 anos foi figurante nesse filme e eu faço faculdade de cinema, entao seria bem interessante assistir
Excluirobrigado
Pode ser encontrado em torrent no site YTS
ExcluirPôxa, que interessante! Eu acho que ele constava no You Tube antigamente, mas não tenho certeza. Provavelmente deve ter no MakingOff. Se você não fizer parte desse, peça a um colega, já que você faz cinema. deve ter alguém que possua acesso ao MakingOff. Só entra com convite e não sei como se faz para convidar alguém...
ResponderExcluirPode ser encontrado e baixado no site YTS.
ResponderExcluirOtimo, obrigado pela dica
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