Filme do Dia: Código Desconhecido (2000), Michael Haneke
Código Desconhecido (Code
inconnu: Récit incomplet de divers voyages, França/Alemanha/Romênia, 2000).
Direção e Rot. Original: Michael Haneke. Fotografia: Jurgen Jürges. Música:
Giba Gonçalves. Montagem: Karin Martusch, Nadine Muse & Andreas Prochaska.
Dir. de arte: Emmanuel de Chauvigny. Cenografia: Laurence Vendroux. Figurinos:
Françoise Clavel. Com: Juliette Binoche, Thierry Neuvic, Josef Bierbchler,
Alexandre Hamidi, Maimouna Hélène Diarra, Ona Lu Yenke, Djibril Kouyaté,
Luminita Gheorghiu.
Uma atriz (Binoche), seu namorado
fotógrafo de guerra, o irmão e o pai do
namorado, uma mendiga de rua, um monitor negro de crianças surdas mudas e sua
família são alguns dos personagens que compõem essa crônica do cotidiano
francês contemporâneo, que possui paralelos com experiências recentes que
buscam descrever aspectos da sociedade americana (Magnólia, 1999) e brasileira (Cronicamente Inviável, 2000). Porém, ao contrário do primeiro, consegue descrever de
modo mais equilibrado e menos caricatural seus personagens e não possui a
pretensão – pelo menos, explícita – de retratar uma nação como o último. Ganha
dos dois em termos de ritmo, compassado e marcado por uma característica básica
das narrativas de Haneke, a elipse. Aqui, o cineasta radicaliza e acaba
cortando literalmente as sequências antes que elas estejam “resolvidas”. O
constante rodízio de situações e locais diferenciados (em um preciso e virtuoso
trabalho de montagem) exige uma atenção constante, ainda que o que menos pareça
importar seja o senso de continuidade dos segmentos isolados. Em uma sequência
que bem poderia sugerir semelhanças com a ironia da produção brasileira, um
jovem negro que pretende vingar a dignidade da pedinte de rua que fora
humilhada por um jovem europeu, torna-se o pivô de sua extradição. Se o
distanciamento do que é narrado sugere uma influência de Godard, as constantes tomadas
realizadas da perspectiva de um carro evocam os filmes de Kiarostami. Incensado
pela crítica nos últimos anos, Haneke também dirigiu o bem menos interessante Violência Gratuita. Uma curiosidade: o
filme é falado em seis línguas além da linguagem dos signos. Bavaria
Film/Filmex/FR 2/Canal +/MK2/Ministério da Cultura Romeno/ZDF/arte France
Cinéma. 118 minutos.
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