Filme do Dia: O Fantasma de Frankenstein (1942), Erle C. Kenton

O Fantasma de Frankenstein (The Ghost of Frankenstein, EUA, 1942). Direção: Erle C. Kenton. Rot. Original: Scott Darling, a partir do argumento de Eric Taylor. Fotografia: Elwood Bredell & Milton R. Krasner. Música: Hans J. Salter. Montagem:  Ted J. Kent. Direção de arte: Jack Otterson. Cenografia: Russell A. Gaussman. Figurinos:  Vera West. Com: Lon Chaney Jr., Cedrick Hardwicke, Ralph Bellamy, Lionel Atwill, Bela Lugosi, Evelyn Ankers, Janet Ann Gallow, Barton Yarborough.
Ygor (Lugosi) ressuscita a criatura (Chaney Jr.) e o leva até o castelo do filho de seu criador, Ludwig (Hardwicke). Enquanto esse se encontra obcecado em reviver o monstro a partir de um cérebro de uma pessoa conhecida por seu bom caráter, o Dr. Kettering (Yarbourough), Ygor e o maléfico Dr. Bohmer (Atwill), possuem planos distintos. Eles transferem o cérebro do próprio Ygor para o monstro. Enquanto isso, toda a cidade se encontra revoltada com o desaparecimento de uma garota do povoado (Gallow), por quem Frankestein nutre particular afeição. Enquanto a turba descontrolada invade o castelo, a filha de Ludwig, Elsa (Anchers), tenta sem sucesso salvar o pai.
Essa produção, a quarta com o personagem desde sua aparição triunfal no clássico Frankenstein (1931), de Whale, demonstra já a completa saturação e falta de criatividade, lirismo e humor que se encontram presentes nos dois primeiros filmes da série, ambos dirigidos por James Whale. Aqui o roteiro parece tão mal costurado quanto a garganta do próprio monstro, vivido aqui pela primeira vez por Chaney Jr., mais conhecido por suas interpretações como o Lobisomem, já que o próprio Karloff não mais acreditou ser interessante para sua carreira a vinculação com produtos semelhantes. Pior do que a substituição é o referido ajuntamento de clichês que os filmes da série, assim como o próprio livro, já havia provocado, algo que pode ser percebido tanto no seu prólogo, in media res, com a multidão enfurecida que geralmente surge somente no final, aqui se repetindo posteriormente ao final, como na presença, demasiado enfatizada em relação ao primeiro filme da série, da criança. Ou ainda a figura de Ygor, já morto em filmes anteriores, ressurgindo das cinzas e vivido por um Lugosi já em franca decadência. Da destruição do castelo às experiências laboratoriais, além de um flashback que faz uso do filme de 1931. Esse detalhe, assim como a própria tentativa de revitalização do monstro por Ludwig parecem uma anêmica caricatura da própria tentativa do estúdio de preservar o sucesso da primeira produção. O que ocorrerá será o oposto, no entanto, terminando a década o monstro como coadjuvante das comédias da dupla Abbott & Costello, que o revitalizaram apenas em termos de bilheteria. Existem referências que parecem inevitavelmente associadas ao momento histórico e ao nazismo, indo dos trajes dos policiais ao nome do cientista do mal, Dr. Bohmer. Destaque para a forma grandemente econômica em que o filme se desvencilha das ruínas e do fogo no castelo, para alguns metros depois encontrar Elsa e seu amado numa paisagem de amanhecer evocativa de Aurora (1928) ou Luzes da Cidade (1931), num forçoso final feliz, improvisado a partir de personagens grandemente coadjuvantes em relação a trama principal. Muito das situações de humor mais hilariantes presentes em O Jovem Frankenstein fazem menção a esse filme, como é o caso da troca de cérebros ou a caracterização de Ygor. Universal Pictures. 67 minutos.


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