Filme do Dia: Aqui e Acolá (1976), Grupo Dziga Vertov
Aqui
e Acolá (Ici et Ailleurs, França, 1976).
Direção e Rot. Original: Grupo Dziga Vertov (Jean-Luc Godard, Jean-Pierre Gorin
& Anne-Marie Miéville). Fotografia: William Lubtchansky. Música: Jean
Schwarz. Montagem: Anne-Marie Miéville.
Esse, que é o último filme do Grupo Dziga Vertov, o qual Gorin
e, sobretudo, Godard foram os nomes mais frequentes, aborda, através de imagens
filmadas seis anos antes na Palestina, e da assistência dessas imagens por uma
família francesa contemporânea à produção do filme, temas como a banalidade da
morte na região (muitos dos retratados na filmagem foram mortos posteriormente)
e a reprodução de uma lógica da violência perpetrada pelos judeus em relação à
Palestina, apesar de seu passado. Porém, existem igualmente subliminares temas
formais como a relação temporal entre a filmagem e a recepção de um filme (mais
poética e bem humoristicamente expresso em seu Vento do Leste) e espaciais como o que separa o Oriente Médio da
França, que dá título ao filme, e é representado igualmente (ainda que de
maneira grandemente obscura) por uma família francesa que na maior parte do
tempo não mais que assiste às imagens, assim como a representação do outro
(esse, melhor expresso em seu Carta para
Jane). Faz uso dos jogos verbais e sonoros que se tornaram recorrentes na
obra posterior do cineasta. Trata-se da estreia de Miéville, que se tornará
colaboradora recorrente e mulher de Godard, na direção. O resultado final, no
entanto, com todas as pretensões conseguidas ou não, é bastante tedioso para
soar interessante. Talvez sua imagem mais interessante seja a de crianças
palestinas realizando exercícios militares, que tal como representada soa menos
como denúncia (ao menos no sentido do jornalismo rasteiro) que como poético
registro da dolorosa ambiguidade entre a leveza e delicadeza dos gestos, mesmo
em situações que simulam enfrentamento e defesa e a função potencial dos
mesmos. Gaumont/Sonimage. 60 minutos.
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