Filme do Dia: Delicada Atração (1996), Hettie MacDonald

Delicada Atração (Beautiful Thing, Reino Unido, 1996). Direção:  Hettie MacDonald. Rot. Adaptado:  Jonathan Harvey, baseado em sua própria peça. Fotografia: Chris Seager. Música: John Altman. Montagem: Don Fairservice. Dir. de arte: Mark Stevenson & Chrysoula Sofitsi. Figurinos: Pam Tait. Com: Glen Berry, Andrew Fraser, Linda Henry, Tameka Empson, John Savage, Garry Cooper, Daniel Bowers.
     Jamie Gangel (Berry), vive em um modesto prédio de apartamentos de classe média baixa e também vivencia uma crise na escola, sendo vítima da troça dos outros alunos sobre suas tendências homossexuais,  fugindo do esporte. Jayson (Berry), seu colega de escola e vizinho, por outro lado, enfrenta problemas domésticos, sendo vítima da violência do pai (Cooper) e do irmão Trevor (Bowers), fanáticos por boxe. Eles também possuem contato com uma joven negra, Leah (Empson), fã obsessiva de Mama Cass, vocalista da banda californiana Mamas&Papas. Jamie, apesar de momentos de tensão, tem uma boa relação com sua mãe, a garçonete Sandra (Henry) que, no momento, vive uma relação com um homem mais jovem, Lenny (Savage). Certa noite, quando retorna do trabalho, Sandra encontra Jayson fora de casa, após ter sido espancado pelo pai, e o chama para dormir em seu apartamento. Lá ele divide a cama com Jamie, que faz uma massagem em suas costas. Na noite seguinte, no entanto, Jamie aborda-o sexualmente e fazem amor. Jayson, no entanto, não pretende assumir a relação e destrata Jamie. Mesmo assim, Jamie afirma para mãe que sua estranheza se deve ao fato dele se encontrar apaixonado. Sandra, cuja possibilidade de ascensão profissional e de dirigir o próprio negócio parece assegurada, lhe arranja dinheiro para que ele compre um presente para a namorada. Ele compra um boné para Jamie e decide frequentar um bar gay. Sandra os segue. Quando retorna a casa, encontra uma revista pornográfica debaixo de seu colchão e entra em pânico. Ao chegar em casa, ela encosta Jamie contra a parede, e esse confirma o que ela não queria saber. Porém, não suporta ver ele chorando, e o abraça afirmando que não o abandonará. Quando Jayson aparece e Jamie afirma que havia contado tudo a Sandra, esse também tem uma crise de choro. Para complicar tudo, Leah, completamente fora de si, acredita ser a própria Mama Cass e anda sem rumo. Passados os dias difíceis, Sandra pretende mudar de apartamento e termina sua relação com o inócuo Lenny. Quando descobre no pátio do apartamento, através de Leah, que Jayson e Jamie resolveram dar um show, dançando para todos os transeuntes, ela não perde a pose e começa a dançar com Leah.
     Como a maior parte da onda de filmes europeus e americanos abordando a homossexualidade produzidos na década, esse também compartilha a característica de ser uma produção modesta, porém nem por isso capaz de apresentar algo que sobressaia no cenário cinematográfico seja em termos de forma ou de conteúdo. Também compartilha com outros semelhantes de um excessivo sentimentalismo – a cena em que Sandra se recusa a abandonar o filho como “uma garrafa de leite  seca na porta” é o maior exemplo – autocondescedência e, em certos casos, ambientação em uma classe econômica pouco favorecida, dando um certo verniz de crítica social – como O Padre (1996), de Antonia Bird. Pelo caráter de apresentar pequenos conflitos do cotidiano de um pequeno grupo social, mesclado com gags, comparações também poder ser feitas com Bagdad Café (1990), de Percy Adlon, ainda que este seja menos limitado em termos tanto da construção da narrativa quanto do uso dos recursos cinematográficos. Entre as facilidades utilizadas para provocar um maior contato com o público se  encontram tanto a utilização da clássica Dream a Little Dream of Me na cena final da dança entre os dois rapazes como a presença constante da personagem da jovem negra que adora Mama Cass, a vocalista do Mamas&Papas. Channel Four Films . 90 minutos.                           

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