Filme do Dia: O Beijo Amargo (1964), Samuel Füller




O Beijo Amargo (The Naked Kiss, EUA, 1964). Direção e Rot. Original: Samuel Fuller. Fotografia: Stanley Cortez.  Música: Paul Dunlap. Montagem: Jerome Thoms. Dir. de arte: Eugène Lourié. Figurinos: Victor A. Gagelin. Com: Constance Towers, Anthony Eisley, Michael Dante, Virginia Grey, Patsy Kelly, Marie Devereux, Karen Conrad, Linda Francis.

Kelly (Towers) é uma prostituta que vai para uma pequena cidade e lá tem como primeiro cliente o capitão de polícia Griff (Eisley). Kelly vai trabalhar numa instituição que auxilia crianças deficientes e se apresenta ao milionário local, Grant (Dante), que a pede em casamento. No dia do casamento, no entanto, Kelly flagra Griff com uma criança e acidentalmente o mata. Julgada por Grant como inescrupulosa e interesseira, a situação muda de figura quando ela reconhece a garota que estava em vias de ser abusada por Griff.

Fuller certamente imaginava, com seu espírito provocador, o quanto seu filme provocaria reações indignadas, com sua abordagem extremamente avançada para os padrões da época com relação à questão da sexualidade (prostituição, pedofilia). De fato o filme acabaria proibido na Inglaterra até três décadas após. De todo modo, talvez a grande força do filme aos olhos de hoje seja a pouco comum perspectiva feminina dos eventos, por mais que também essa seja impregnada de clichês como o da necessidade de polimento da ex-prostituta e sua necessária passagem para uma figura redentora, capaz de redimir tanto adultos quanto crianças. Curiosamente, Fuller, um dos favoritos de Godard, insere em uma narrativa ainda bastante vinculada visualmente aos padrões da década anterior alguns dos “cortes abruptos” que haviam sido destaques nos filmes dos cineastas da Nouvelle Vague. De certo modo, Fuller não faz mais do que explicitar muitas das indicações que já se encontravam subliminares em produções da década anterior – o personagem do aristocrata decadente e “impotente” se transforma sem meios termos num pedófilo, por exemplo. Leon Fromkess-Sam Firks Prod. para Allied Artists Prod. 90 minutos.

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