Filme do Dia: Nuit de Noël (1908), ?
Nuit de Noël (França, 1908). Direção: ?
Marido marinheiro deixa a esposa em plena noite de natal e
parte em barco. A mulher chora insistentemente, porém quando vai até o moinho conhece
um homem que passa a galanteá-la. Eles saem à noite e o homem, pela manhã, ao
deixa-la, decide ficar, decisão assentida por ela, ao olhar para observar se
alguém havia testemunhado a cena. O marido chega inesperadamente da viagem e se
vinga matando o amante, jogando seu corpo, juntamente com a carroça ao mar.
O que de longe mais chama a atenção nessa produção é o
talento para se criar composições visuais dotadas de força e poesia, ao melhor
estilo de Griffith de O Mar Imutável,
caracterização inspirada, seja na presença das gigantescas pás do moinho se
movimentando ou na apresentação da moradia humilde da protagonista, com o
cachorro preso e dócil e uma sorte de utensílios raramente descritos com tal
pormenor em produções da época, insinuando uma vida árdua, porém deixando de
lado a caricatura fácil presente em produções contemporâneas da mesma produtora
de viés mais cômico (tais como L’Héritage
de la Vieille Fille). Ao contrário de Griffith, a forma como expressa o
desejo feminino foge da habitual figura da “eterna espera” fiel associada às
heroínas do cineasta, incluindo o filme citado. Cumpre ressaltar, porém, que
como era regra então, a narrativa deve lidar com a compressão temporal de sua
curta duração, sacrificando para tanto o efetivo flagrante do marido, assim
como qualquer desdobramento após o crime, apresentado de forma demasiado
realista para se pensar que o cavalo não tenha se ferido em cena. Pathé Frères.
9 minutos e 22 segundos.
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