O Velho Músico, 1862



Numa resenha sobre o Salão de 1846, o crítico e poeta Charles Baudelaire intimou os artistas a descreverem "o Heroísmo da Vida Moderna". Manet incorporou o pintor urbano da Paris contemporânea de Baudelaire. O imperador Napoleão III ordenou a renovação da cidade sob a direção do Barão Haussmann, e nos primórdios da década de 1860 o bairro miserável onde Manet tinha seu estúdio estava sendo posto à baixo para acomodar os amplos bulevares de três pistas que ainda hoje caracterizam a cidade. Nessa pintura, Manet representou um músico ambulante ladeado por uma garota cigana e seu bebê, um acrobata, um garoto de rua, um bêbado e um trapeiro - indivíduos que o artista podia observar nas cercanias de seu estúdio. O encontro aparentemente casual é composto de pobres urbanos, todos desalojados por Haussmann. Nem anedótico nem sentimental, Manet os observa com a cuidadosa neutralidade de um olhar não enviesado, e a ambiguidade distintamente moderna e atenção ao detalhe de O Velho Músico são característicos de toda a obra do pintor

Postando pigmentos lado a lado mais que misturando tons, Manet podia preservar a imediaticidade e tom direto de seus primeiros esboços em óleo nas obras acabadas. Os efeitos produzidos por esta técnica eram mais profundos e nítidos que aqueles obtidos com o método acadêmico. Quando se depararam pela primeira vez com a obra inicial de Manet no início dos anos 1860, futuros impressionistas como Monet e Renoir admiraram sua maneira de pintar e a emularam enquanto forjavam o estilo conhecido como impressionismo.

Fonte: National Gallery of Art. Nova York: Thames & Hudson, 2005, pp. 185.

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