Barqueiro do Mississippi, 1850

George Caleb Bingham foi um dos mais importantes pintores a se especializar em pinturas de gêneros, que descrevem cenas da vida cotidiana. Seus primeiros anos foram passados no Missouri, conhecendo ele de primeira mão a vida na fronteira, especialmente as chegadas e partidas dos barqueiros que transportavam cargas nos grandes rios do Meio Oeste. As pinturas de Bingham eram destinadas ao público das cidades do Leste tais como Nova York e Filadélfia, e os barqueiros são retratados já por volta de 1850 como rudes e errantes personagens emblemáticos que estavam levando a civilização americana ainda mais para o oeste. Também eram considerados personagens de má reputação, que se orgulhavam de farrear pelas cidades nas quais passavam enquanto desciam o rio.

Os homens retratados nas pinturas de rio de Bingham são geralmente jovens mas aqui somos apresentados a um indivíduo mais velho e carrancudo que nos olha com indisfarçável mau humor. Essa figura solitária de postura agressiva, mesmo ameaçadora, provoca um clima de mal estar que é único na obra de Bingham. Talvez a natureza da narrativa - um velho homem deixado a cuidar de um cargueiro enquanto seus companheiros se divertem na cidade - façam com que ele seja descrito dessa maneira. Mas Bingham, que era ativamente engajado na política e que foi um ferrenho anti-escravagista, pode também ter pretendido fazer da visão conturbada desse barqueiro  um espelho dos tempos difíceis que a nação estava enfrentando nos anos que antecederam a Guerra Civil.

Texto: National Gallery of Art. Nova York: Thames & Hudson, 2005, pp. 227.

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