Filme do Dia: I.A. - Inteligência Artificial (2001), Steven Spielberg


I.A. - Inteligência Artificial (A.I – Artificial Inteligence, EUA, 2001). Direção: Steven Spielberg. Rot.Adaptado: Steven Spielberg & Ian Watson, baseado no conto de Brian Aldiss. Fotografia: Janusz Kaminski. Montagem: Michael Kahn. Dir. de arte: Rick Carter, Richard L. Johnson, William James Teegarden & Tom Valentine. Cenografia: Nancy Haigh. Figurinos: Bob Ringwood. Com: Haley Joe Osment, Jude Law, Frances O´Connor, Brendan Gleeson, Sam Robards, William Hurt, Jake Thomas, Ken Leung.
         Em um futuro próximo, quando todas as grandes cidades foram varridas do mapa pelo avanço do oceano, os cientistas desenvolvem  o primeiro autômato a ser criado com sentimentos. Ele é vendido a Henry Swinton (Robards), cuja mulher, Monica (O´Connor), se encontra obcecada com o filho em coma, Martin (Thomas). Monica não só aceita a idéia como se torna extremamente carinhosa com seu “novo filho”, David (Osment). Porém, tudo se torna mais difícil quando Martin se recupera do coma e volta a morar com a família. Suas constantes rivalidades com seu irmão mecânico levam o casal a decidir abandonar David. Somente contando com um urso mecânico, Teddy, David é capturado por uma versão moderna de um circo de horrores. David foge. Como Monica sempre lera Pinóquio para David ele procura, com ajuda de um autômato criado para dar prazer sexual a mulheres solitárias, Gigolo Joe (Law), ir em busca da Fada Azul, que poderia transforma-lo em uma criança de verdade, para voltar a obter o carinho da mãe. Sua aventura em busca da Fada Azul leva-o a Rouge City, onde o mago que David conhecera a encontrará na alagada ilha de Manhattan. Porém, a experiência demonstra ser mais complexa que ele esperava, resultando numa viagem pelo tempo em que só poderá reencontrar Monica por um curto período de tempo.
         Esse pretensioso filme de ficção científica, projeto que foi entregue a Spielberg por Stanley Kubrick, que o desenvolvia a mais de uma década, fracassa já que suas aspirações metafísicas mais próximas do último, relativamente bem sucedidas para o padrão de produção em questão,  acabam sendo sufocadas pelo infantilismo que é a marca registrada do primeiro, sobretudo na reverência constante a Pinóquio. A primeira metade do filme, mais sóbria e interessante, conta com um sofisticado desenho de produção futurista, com destaque para a casa dos Swinton e o elaborado trabalho de câmera, que remetem tanto a 2001 quanto às produções mais intimistas de Kubrick. Já a segunda envereda pela mais alucinante fantasia, centrada no universo dos megas, autômatos como David e descamba para um festival de alusões cinematográficas (inclusive ao próprio Spielberg, como é o caso do balão em forma de lua gigante que remete a E.T ) que possui como matriz o universo dos replicantes de Blade Runner e peca, inclusive, pela falta de concisão. Somam-se aos mais diversos efeitos especiais de ponta, cujo auge se encontra na seqüência da arena romana pós-moderna composta por restos de megas, técnicas de animação (o Mago é um personagem de animação). Seu afinado elenco possui como destaque o garoto Osment, que vivencia um David impecável, em seu ressentimento por possuir sentimentos e não poder se ajustar ao mundo dos humanos. O sentimento de súbita aproximação do filme do universo de Spielberg, a partir da segunda metade, é acentuado pelo seu final ralo e sentimentalóide. Warner Bros./Dreamworks/Amblin Ent./Stanley Kubrick Productions. 146 minutos.

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