Filme do Dia: O Livro Secreto (2006), Vlado Cvetanovski
O Livro Secreto (Tajnata
Kniga, Macedônia, 2006). Direção: Vlado Cvetanovski. Rot. Original: Lljube
Cvetanovski & Jordan Plevnes. Fotografia: Thierry Arbogast. Montagem:
Atanas Georgiev. Dir. de arte: Valentin Zvetozarev. Figurinos: Blagoja
Micevski. Com: Thierry Fremont, Jean-Claude Carrière, Labina Mitevska, Vlado
Jovanovski, Kiro Ristevski, Meto Jovanovski, Vladimir Svetiev, Petar Mircevski.
Guy Chevalier
(Fremont), orientado por um homem que acredita ser seu pai (Carrière), viaja a
Macedônia em busca do livro secreto dos Bogumils, que pretensamente teria sido
escrito pelo único homem que viu a face de Deus. Lá ele passa a ser perseguido
pelo Guardião do livro e perseguido por sonhos e estranhos acontecimentos.
Sem dúvida o
estranhamento é o que marca a narrativa que, até ao final, mantém-se
prontamente ambígua entre delírio e realidade. Bem mais do que a própria
inventividade visual, por mais que possua seus lampejos que evocam algo
remotamente o cinema de Tarkovski na superfície. Aqui, infelizmente, os meios
tons não se destacaram apenas no que diz respeito à perspectiva de relação entre
mitologia e realidade, mas impregnam o filme em suas interpretações, não mais
que medianas (exceção talvez ao veterano roteirista Carrière) e que
pretensiosas que soem, não vão além do ralo clichê – como é o caso, dentre
muitos outros, da “lição de moral” que um pouco crível Guardião aplica sobre
mais um europeu que vem buscar os tesouros de seu país; aliás o ator que vivencia o personagem
demonstra se encontrar aquém do registro esperado. A trilha musical, hipnótica
em sua repetição exaustiva de um mesmo tema e por vezes tirando partido de uma
igualmente ambígua interação com o universo ficcional, como na seqüência da
visita ao cemitério, tampouco chega a ser memorável. Evidentemente, inclusive
pela presença de Carrière como ator de destaque (e mais importante no caso,
consultor do roteiro), alusões quase automáticas são efetivadas com a produção
de Buñuel, vinculadas sobretudo as aparições surreais observadas por Chevalier,
mas que se encontram longe do efeito conseguido por aquele, sobretudo em seus
últimos filmes. Destaque para a singela interpretação de Labina Mitevska.
Studios. 94 minutos.
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