Filme do Dia: Uma Asa e uma Prece (1944), Henry Hathaway

Uma Asa e uma Prece (A Wing and a Prayer, EUA, 1944). Direção: Henry Hathaway. Rot. Original: Jerome Cady & Mortimer Braus. Fotografia: Glen MacWilliams. Músico: Hugo Friedhofer. Montagem: J.Watson Webb jr. Dir. de arte: Lyle R. Wheeler. Cenografia: Thomas Little & Fred J. Rode. Com: Dana Andrews, Don Ameche, William Eythe, Charles Bickford, Cedrick Hardwick, Kevin O´Shea, Richard Jaeckel, Harry Morgan. 
     Três meses depois dos ataques a Pearl Harbour, um almirante (Hardwick) comenta com seus superiores a estratégia para confundir os japoneses. Todos os pilotos americanos de um primeiro porta-aviões que irá ser mandado para a região, devem fugir do confronto direto com os japoneses, dando-lhes uma idéia equivocada da fragilidade da marinha americana. O tenente-comandante Edward Moulton (Andrews) é o chefe da esquadra aérea que ficará sob a supervisão do rigoroso comandante Bingo Harper (Ameche). Nos treinos das primeiras semanas, o ator de cinema invejado por todos por ter beijado Betty Grable, Hallam Scott (Eythe), conhecido por Oscar, por ter ganho um prêmio da Academia, torna-se uma dor de cabeça para Moulton, tendo um acesso de pânico ao pousar a aeronave que provoca uma baixa entre os operadores e afundado com um avião no mar em outra ocasião. Loucos para demonstrarem eficiência, os pilotos ficam deprimidos com a morte constante de colegas, sem puderem reagir. É divulgado, após algumas horas da notícia chegar aos oficiais, os propósitos da missão e a necessidade de revidarem os ataques japoneses a partir de então. O combate em Midway, no entanto, demonstra ser mais duro que o imaginado. Graças ao martírio de Cookie Cunnighan (O´Shea), que joga seu avião contra um torpedo japônes, o porta-aviões é salvo. Uma das baixas que provoca maior comoção é de Oscar já que seu avião encontra-se sem combustível e não pode ser avistado pelos radares para não pôr em risco o restante da tripulação que, ao final, demonstra ser ilusória, já que ele foi capturado por uma corveta. 
      Ainda que se utilize razoavelmente bem de material real (no caso o curta de John Ford, A Batalha de Midway, de 1942) para entremear as cenas de guerra filmadas com modelos em miniatura, o resultado final fica comprometido pelo excessivo sentimentalismo e patriotismo, previsível para um filme realizado quando a guerra sequer havia terminado. Assim, soa estranho que, em meio às comemorações para atacar livremente os japoneses, ninguém se revolte contra o cruel fato de ter sido usado (e, em muitos casos morrido), como estratégia deliberada do governo, como o próprio discurso envergonhado do comandante acentua. Da mesma forma, o momento em que Harper ralha com Oscar afirmando que “isso não é Hollywood”, não parece ser bem verdade. Ser um ator de cinema prestigiado de Hollywood salvou-lhe, no final, de ter o mesmo destino de um jovem de 17 anos em situação semelhante a sua, que morre. Outro momento eivado de sentimentalismo é quando esse jovem de 17 anos teme ficar de fora da esquadra por ser jovem demais e une-se a um colega que, por ser excessivamente maduro, também teme o mesmo destino. Fazendo uso intenso das projeções de fundo, que intercalam cenas reais com dramatização em estúdio, recurso típico da época e que acentua seu caráter datado, ainda assim o filme apresenta cenas chocantes como o da queda do avião de Oscar no mar, que provavelmente é também uma engenhosa utilização de imagem de arquivo. Apresenta trechos do musical Tin Pan Alley (1940), com a musa do momento, Betty Grable (seu culto pela soldadesca também é satirizado no posterior Inferno nº17, de Wilder), não por acaso contratada pelo mesmo estúdio que produziu esse filme. 20th Century-Fox. 100 minutos.

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