Filme do Dia: As Bruxas (1967), Luchino Visconti, Mauro Bolognini, Pier Paolo Pasolini, Franco Rossi & Vittorio De Sica
As Bruxas (Le Streghe, Itália/França, 1967). Direção: Luchino Visconti, Mauro Bolognini, Pier Paolo Pasolini, Franco Rossi & Vittorio De Sica. Rot. Original: Cesare Zavattini & Guiseppe Patroni Griffi (La Strega Bruciata Viva), Mauro Bolognini, Agenore Incrocci, Furio Scarpelli & Bernardino Zapponi (Senso Civico), Roberto Gianviti, Pier Paolo Pasolini (La Terra Vista dalla Luna), Luigi Magni & Franco Rossi (La Siciliana), Fabio Carpi, Enzo Musi & Cesare Zavattini (Una Sera Como la Altre). Fotografia: Guiseppe Rotunno. Música: Ennio Morricone & Piero Piccioni. Montagem: Nino Baragli (Senso Civico, La Terra Vista dalla Luna), Adriana Novelli (Una Sera Come le Altre), Mario Serandrei (La Strega Bruciata Viva), Giorgio Serrallonga (La Siciliana). Dir. De arte: Mario Garbuglia & Piero Poletto. Figurinos: Piero Tosi. Com: Silvana Mangano, Annie Girardot, Francisco Rabal, Massimo Girotti, Clara Calamai, Nora Ricci, Helmut Berger, Bruno Filippini, Leslie French, Alberto Sordi, Totó, Ninetto Davoli, Laura Betti, Clint Eastwood, Valentino Macchi, Corinne Fontaine, Paulo Gozlino.
La Strega Bruciata Viva. Célebre atriz (Mangano) deve lidar com todas as pressões que a envolvem num recanto turístico para esquiadores, descobrindo-se grávida. Senso Civico. Mulher (Mangano) acode um motorista ferido (Sordi) em seu carro. Porém, ao invés de levá-lo ao hospital, atravessa toda a cidade de Roma e vai se encontrar com um homem que havia marcado compromisso, deixando o homem entregue à sua própria sorte. La Terra Vista dalla Luna. Pai (Totó) e filho (Davoli), chorosos com a morte da esposa/mãe, já no cemitério pensam numa mulher que poderá substituí-la. Um ano após, a candidata ideal parece surgir, uma muda chamada Assurdina (Mangano), que encontram por acaso. A vida deles é feliz no pequeno casebre, até o dia em que a família muda para uma residência mais confortável. Certo dia, pai e filho testemunham Assurdina, antes feliz, ameaçar se suicidar diante de uma multidão e o acaba fazendo. Quando retornam para sua casa, novamente o miserável casebre de antes, reencontram para sua completa surpresa, com Assurdina em casa. Eles continuam a tocar a vida como se nada houvesse ocorrido. La Siciliana. Filha (Mangano) acaba revelando ao pai quem fora o homem que, segundo ela, a seduzira e posteriormente a ignorara e o pai promove um extenso massacre de pessoas envolvidas. Une Sera Como la Altre. Mulher (Mangano) fantasia aventuras mais excitantes que a monótona rotina de vida conjugal que leva com o marido (Eastwood) com quem é casada há dez anos.
Além do filme compartilhar de uma certa irregularidade para menos que acompanha a maior parte de produções “coletivas” que reuniam (sobretudo nos anos 50 e, ainda mais, 60) realizadores autorais, traz ainda uma irregularidade na própria duração dos mesmos, com dois deles bem menores que o restante, sobretudo La Siciliana, cujo interessante início descamba para um decepcionante e abrupto efeito-piada (?) ao final. O mais interessante, sem dúvida, é o de Pasolini, no qual ele repete, em formato curto, a mesma estratégia de seu Gaviões e Passarinhos, do ano anterior. Aqui, como lá, a mesma dupla de atores, a mesma opção pela fábula moral (aqui finalizada a rigor com uma “moral da história” associada a referência de que já não existe diferença entre os vivos e os mortos, associada a compreensão de Pasolini sobre a perda da vitalidade do lumpem-proletariado, engolfado pelos valores de uma classe média que lhe sufoca por completo o seu potencial criativo-hedônico). A mensagem do curta de Pasolini, no entanto, soa aparentemente menos hermética que em seu longa e já a partir dos créditos, como naquele, já se faz menção à tradição oral. Suas cores, as mais berrantes do filme, associam-no ainda mais ao universo de fantasia que faz, ainda que irônica, menção. Visconti, por sua vez, não parece ter muita sorte no formato curta. Como naquele que compõe Boccaccio 70 o dirigido por ele, La Strega Bruciata Viva, é bastante aborrecido e pretensioso. Talvez sobreviva como curiosidade a sua pretensão de efetivar a sua versão italiana do Crepúsculo dos Deuses (1950), de Wilder, sem faltar a presença de vários astros do cinema do passado que já vivenciavam seu outono nas telas como Massimo Girotti ou Clara Calamai (não por acaso os astros de sua estreia no cinema, Obsessão). Helmut Berger, um jovem ainda semi-imberbe, faz uma ponta também no mesmo episódio do diretor que lhe marcaria definitivamente a carreira. evidente veículo para a estrela Mangano, que é o um dos poucos elos de ligação entre todos os episódios. Corona Cinematografica. 121 minutos.
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