Filme do Dia: Quelli della Montagna (1943), Aldo Vergano
Quelli della Montagna (Itália, 1943). Direção: Aldo Vergano. Rot. Original: Alessandro Blasetti, Corrado Pavolini, Alberto Spaini, Aldo Vergano & Raffaele Luciani sob argumento de Gino Betrone. Fotografia: Arturo Climati & Mario Craveri. Música: Annibale Bizelli. Montagem: Fernando Cerchio. Dir. de arte: Vittorio Valentini. Cenografia: Tullio Maciocchi. Com: Amedeo Nazzari, Mariella Lotti, Mario Ferrari, Ori Monteverdi, Cesco Baseggio, Nico Pepe, Nino Cobelli, Giuseppe Pagliarini.
O advogado Andrea Fontana (Nazzari) se enamora e casa com a bela química Maria Algardi (Lotti), mas logo após é convocado para combater nas montanhas, tornando-se tenente. Maria fica hospedada em uma pousada próximo ao acampamento militar. Logo, Maria descobre que Andrea é subordinado de Piero (Ferrari), irmão de Massimo Sandri, com quem teve um forte envolvimento afetivo no passado até a morte desse em um acidente de alpinismo. A situação gera uma tensão interna, com Piero chegando a indicar subordinados nas missões de guerra em detrimento de Andrea, assim como um estremecimento nas relações de Andrea com a esposa, pedindo-lhe que retorne à cidade. Numa ação de guerra decisiva, Andrea Fontana é um dos líderes mais destacados, enquanto Piero é ferido gravemente. Quando Andrea vai visitá-lo na enfermaria seu cadáver já foi retirado, mas lhe entregam, por desejo expresso de Piero, a corrente do irmão que ele carregava no pulso. Comovido, Andrea chora no ombro da irmã da Cruz Vermelha que é não menos que Maria.
Apontado pela crítica da época, como um dos “filmes de guerra” mais interessantes da temporada, juntamente com L’Uomo dalla Croce, de Rossellini, de fato o filme, ainda bem mais que o de Rossellini, tem a guerra como elemento secundário diante de seu triângulo amoroso inusitado e todas as tensões daí decorrentes. O filme hoje se torna certamente mais chamativo enquanto melodrama que, ao contrário de expressar os sentimentos femininos, tais como o gênero é comumente associado, reforçar temores muito mais próximos de um universo masculino, daí mesmo a relativa coadjuvância que ganha o personagem de Maria a partir do momento que o conflito, de fato, ganha primeiro plano, inclusive em sua ausência física. Chega a ganhar uma proporção um tanto ridícula, o grau de embaraço e dramaticidade que envolve toda a situação, menos por conta de Maria ter tido esse episódio do passado não revelado ao atual marido do que por existir quase uma exigência que ela deveria ter permanecido fiel à memória de Massimo. Dedicado a um jovem assistente de direção, Cino Bertone, morto em combate, o filme faz uso de algumas imagens de arquivo, na representação de cenas de batalha, algo que posteriormente será considerado como uma característica inovadora do Neo-Realismo. Como em boa parte dos filmes italianos do período, é dividido em duas partes. Possui como “selo” de qualidade o fato de ter sido além de co-roteirizado, “supervisionado” por Alessandro Blasetti, num prestígio equivalente, guardadas as devidas proporções, a produções igualmente supervisionadas por Griffith no cinema silencioso norte-americano. LUX Film/API. 85 minutos.
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