Filme do Dia: A Dança das Virgens (1935), Henri de la Falaise
A Dança das Virgens (Legong: Dance
of the Virgins, EUA, 1935). Direção Henri de la Falaise. Rot. Original
Henri de la Falaise & Gaston Glass. Fotografia W. Howard Greene. Música
Richard Marriott & I. Made Subandi. Montagem Edward Schroeder. Com Poetoe
Aloes, Bagus Mara Goesti, Saplak Njoman, Njong Njong Njoman.
Em uma
comunidade tradicional de Bali, Poutou (Goesti) se enamora do músico Nyong
(Njoman). Percebendo seu interesse, o pai de Poutou (Bagus Mara Goesti) o
convida para uma refeição na casa deles no dia seguinte. No dia posterior, no
entanto, Poutou vai ao mercado, para ver se encontra o rapaz, e o observa de longe
a sair com sua meia-irmã, Saplak (Njoman), por quem o jovem verdadeiramente se
sente atraído. Quando ele vai pedir a mão da filha ao pai de Poutou, este abre
o sorriso, imaginando se tratar dela. Esta, já sabendo de suas preferências,
afasta-se. Quando o pai fica sabendo se tratar de Saplak enraivece sobre a
possibilidade de vergonha à filha e não concede o desejo do rapaz. Este escreve
uma mensagem para Saplak, sugerindo que fujam.
Ainda que
esta cópia alegue ter conseguido reconstituir a versão original desta produção
a partir de três fontes diversas, todas com trechos censurados, o IMDB faz
menção a dez minutos mais. Nesse sentido, é curioso como nada vem a ser
apresentado da refeição/deferência oferecida a Nyong para tentar aproxima-lo de
Poutou, e se pule imediatamente para o dia seguinte, após observa-los
dirigindo-se à feira, onde Nyong encontrará a irmã de Poutou, no mercado. Esta ausência sugere uma
possibilidade de material perdido. A
referência a se tratar de uma história dos mares do sul, para além do subtítulo
em sua cartela inicial, parece direta referência a frequência com que tais
explorações do “exotismo” destes povos eram atrativos, haja visto os sucessos
de público/e ou crítica nada distantes de Tabu, Deus Branco, Moana
e outros. A quantidade de palavra escrita que surge nas imagens iniciais é
visível, que se acrescenta ao que já vem posto em termos de explicação desta
versão específica. E que se demonstrará logo permeando todo o filme, que excepcionalmente é tido como uma das duas
últimas películas a fazer uso de cores bifásicas, hoje parecendo mais serem um
estranho tom de sépia por vezes. Seria interessante, talvez, buscar-se um
paralelo sobre o nível de aproximação da realidade retratada e da inevitável
pátina ou grossa camada de exotismo, sobretudo a ser salientada pela diferença
temporal entre a assistência e sua produção, de cerca de 9 décadas, entre este
filme e o projeto nunca finalizado It’s All True, de Welles. E
provavelmente ainda mais excepcionalmente, à sua época, sem diálogos, embora
sonoro – um dos poucos paralelos possíveis, no cenário estadunidense, o Tempos
Modernos, de Chaplin. Filmado em uma comunidade em Bali, uma dos toques
culturais mantidos, senão retrospectivamente, é a presença de praticamente
todas as mulheres com os seios à mostra e por isto mesmo motivo de esperada
censura na cópia norte-americana. A comparação com o filme de Welles não deixa
de ser insidiosa, pois no caso em questão são sociedades menos complexas, em
termos de estruturação, sua complexidade provavelmente fugidia aos interesses
primordiais de uma história de amor que se adivinha trágica. Porém, mais que na
maior parte do ciclo relativo aos “filmes ambientados nos mares do sul”, alguns
deles a também fazerem uso de indivíduos locais, a encenação de seus costumes
ganha proeminência maior e a raspa de diegese não apaga uma corporeidade, até
mesmo nos mais diretamente envolvidos com o projeto, para além da história
criada. Produzido para seu companheiro de então pela atriz Constance Bennett.
|Bennett Pictures Corp. 55 minutos.![]()

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