Filme do Dia: As Aventuras de Chatran (1986), Masanori Hata
As Aventuras de Chatran (Koneko Monogatari, Japão, 1986).
Direção: Masanori Hata. Rot. Adaptado: Mark Saltzman, a partir do conto de
Hata. Fotografia: Hideo Fujii & Shinji Tomita. Música: Ryuichi Sakamoto.
Montagem: Chisuko Osada. Dir. de arte: Takeharu Sakaguchi.
Chatran, peralta gatinho e amigo do
cão Puski, é levado por uma caixa rio abaixo, descendo cachoeira e se afastando
quilômetros de seu local de moradia. Puski segue sempre o amigo, mas obstáculos
naturais, incluindo outros animais, o impedem de chegar próximo de Chatran.
Quando finamente Puski se depara com a caixa encalhada à margem do rio, o amigo
não mais se encontra. Esse, tem também que se deparar com várias adversidades,
dentre elas a queda em um buraco, de quem o amigo Puski salvará, retornando os
dois ao local de origem e Chatran se engraçando com uma gatinha branca, para os
ciúmes do amigo. Após as crias nascerem, no inverno, até então desconhecido
pelo felino, é a vez de Puski também se interessar por sua futura companheira e
ter seus próprios filhos, que se tornam próximos dos filhos de Chatran.
O que verdadeiramente incomoda nessa
proposta inusitada, mas nem tanto – basta evocarmos alguns documentários da
Disney que poderiam ser considerados como embriões para o mesmo teatro de
laivos antropomórficos, auxiliados por uma voz over - é sua trilha sonora ostensiva e irritantemente redundante em
relação ao efeito que pretende provocar em seu público-alvo infantil. E quando
o espectador se dê por conta do desaparecimento de Puski, ele surgirá de
imediato, justamente para demonstrar que não foi esquecido de todo. Tampouco é
improvável, o que é bem pior, que a produção tenha posto em risco os animais
utilizados em várias cenas, como a do gato descendo a cachoeira – alguns alegam
que até mesmo teriam ocasionalmente morrido em cenas do tipo – ou a do cachorro
enfrentando um urso ou passando por situações extremamente estressantes na
pretensa busca de salvação do amigo. E, talvez, pior que todas, do gato
tentando subir sem sucesso, uma escarpa acidentada e úmida, caindo várias vezes
na água revolta do mar. Há uma evidente relação antropomórfica criada entre os
dois personagens principais, em que a adolescência se segue a maturidade e a
formação de respectivas famílias, inclusive de Puski, até mesmo para evitar
qualquer possibilidade de conotação homossexual ao personagem. O retorno não
deixa de ser um tanto estranho, tendo em vista que eles não voltam de fato para
a fazenda na qual viviam. Pontuado por aborrecidos trechos que possivelmente
foram extraídos da obra literária de Hata. Detahe para os momentos de
intimidade e carinho entre um cervo e Chatran. Se a narrativa mais objetiva, e
até mesmo um ensaio de possíveis “diálogos”, entre Chatran e a raposa, por
exemplo, ficam a cargo de uma voz masculina, é uma feminina que lê os textos
“´poéticos”, asseverando locais um tanto estabelecidos de gênero. Ou que
Chatran disputa as tetas de uma porca com os seus filhotes “legítimos”.
Trata-se da versão original, tendo sido lançada uma norte-americana com
narração de Dudley Moore e diminuída para 76 minutos de extensão, extraindo as
cenas de visível indução a situações de perigo dos animais. Fuji Television
Nework. 90 minutos.

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