Filme do Dia: James Dean (2001), Mark Rydell

 


James Dean (EUA, 2001). Direção: Mark Rydell. Rot. Original: Israel Horovitz.  Fotografia: Robbie Greenberg. Música: John Frizzell. Montagem: Antony Gibbs. Dir. de arte: Robert Pearson & Marc Dabe. Cenografia: Leslie McCarthy-Frankenheimer. Figurinos: Yvonne Blake.  Com: James Franco, Michael Moriarty, Valentina Cervi, Enrico Colantani, Edward Hermann, Joanna Linville, John Pleshette, Barry Primus, David Proval, Samuel Gold, Amy Rydell, Mark Rydell, Peggy McCay, Karen Kondazian.

James Dean (Franco) se torna um astro hollywoodiano, após alguns anos em Nova York e o reconhecimento no teatro, do qual rapidamente se afasta. Os fantasmas da morte precoce da mãe (McCay) e, sobretudo, da ausência paterna (Moriarty), sentimento que incorpora na lida com o personagem paterno de Vidas Amargas, que roda com Elia Kazan (Colantoni). De olho em seu novo astro, Jack Warner (Rydell) adverte-o que fique longe de Pier Angeli (Cervi), que já foi delegada pela mãe (Kondazian) a casar com um artista igualmente católico, frustrando fortemente Dean, que se relacionava então com a atriz. Quando da realização de Assim Caminha a Humanidade, Dean finalmente consegue ter uma conversa com o pai, que lhe explica o motivo de sempre ter se afastado dele e pede desculpas. Pouco depois Dean, ao lado de um mecânico, que viajava para competir em uma corrida de carros, choca-se seu Porsche com outro veículo.

Quando se lidam com uma sucessão de eventos, mesmo que dizendo respeito a meteórica carreira de Dean, e seu passado, de tal porte e com a tentativa de representar os nomes famosos da própria indústria cinematográfica em um “passado mítico” cai-se em várias armadilhas: personificações superficiais ao ponto da caricatura (como a mãe de Pier Angeli já mostrando sua superproteção desde a primeira cena); elaboração que pretende tirar proveito da própria mitologia que circunda astros do porte de Dean; promiscuidade excessiva não apenas do mote biográfico da proximidade entre personagens e ator, como de um Franco que encarna a afetação de Dean incorporada nos momentos em que não está filmando igualmente. Assim, sua pose curvada diante de tanto pessimismo do mundo a lhe pesar sobre os ombros, não é apenas a do seu personagem no filme de Kazan, marcado pelo desamaor do pai, mas do próprio Dean quando vai visitar o seu próprio, e esse se esconde e observa tudo pela janela.  E, o contraste entre o evidente “mero profissionalismo” por parte dos atores que contracenam com ele nas reconstituições das filmagens de Vidas Amargas e da imersão completa de Dean em seus próprios dramas é não menos caricata, reforçando igualmente a ideia romântica de uma verdadeira alma artística, atormentada em relação a todos os outros, que apenas são profissoinais. Sim, o filme cai em todas as armadilhas do tipo. Discretamente sugerida a ausência de reservas em utilizar-se da moeda de troca de seu próprio corpo e aparência atrativas ao início de sua carreira teatral junto a diretores (que também eram de cinema, como Daniel Mann), o filme pula essa fogueira para se centrar na relação alardeada com a também atriz Angeli.. Também são limadas do filme o começo em pontas inexpressivas no cinema, referindo-se apenas aos três longas protagonizados por Dean. Destaque para os letreiros finais, em que se tira partido do real, afirmando que a maior parte do apresentado pelo filme (“A maior parte deste filme foi baseado em fatos...”), sem deixar de tirar lascas de sua autonomia ficcional “...algo foi educadas suposições”).  O vetarno montador Gibbs, que fez história com o Kitchen Sink britânico, despede-se do ofício com essa produção Sua versão original aparentemente tem 2 horas de duração. Gerber Pictures/Martin Worth Prod. para TNT. 91 minutos.

 

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