Filme do Dia: O Quinto Elemento (1997), Luc Besson
O Quinto Elemento (The Fifth Element, França/EUA, 1997) Direção: Luc Besson. Rot. Original: Luc Besson, Robert Mark Kamen, a partir do argumento de Besson. Fotografia: Thierry
Arbogast. Música: Eric Serra. Montagem Sylvie Landra. dir. de arte: Dan Weil, Ira Gilford, Ron Gress, Michel Lamont, Jim Morahan & Kevin Phipps. Figurinos Jean-Paul Gaultier. Maquiagem Lois Burwell. Com: Bruce Willis, Milla Jovovich, Gary Oldman,
Ian Holm, Chris Tucker, Luke Perry, Brion James, Tom Lister Jr., John Neville, Matthieu Kassovitz.
Motorista de táxi cerca de 200 anos no
futuro (Willis) vê-se envolvido em uma trama que tem como fim a salvação do
mundo após garota (Jovovich) cair em seu carro em fuga da polícia. Juntos irão
enfrentar as forças do mal lideradas por um vilão (Oldman) que lidera um bando
de brucutus extraterrestres.
O taxista de Willis foi quem melhor
definiu o filme, na mesma sequência que foge da polícia com a garota, "que
coisa mais estúpida". Utilizando-se de clichês dos clássicos da
ficcção-científica que vão de Metropolis
à Guerra
nas Estrelas e de 2001 a
Blade Runner- até Tarzan entra na
onda - o filme possui um roteiro risível
e é um verdadeiro tributo ao kitsch -
os figurinos de Gaultier, talvez conscientemente, contribuíram. Aliás o filme
como um todo bem merecia uma sessão especial no conhecido programa que Gaultier
comanda na tv, Eurotrash. Em uma cena em que o líder do mal recebe o padre e
procura impressioná-lo com todo seu poder acaba quase morrendo engasgado,
servindo como um nada sutil gancho para que o padre discorra sobre a
fragilidade humana. É demais! Os únicos rivais para a imbecilidade do roteiro
são os brucutus alienígenas - que, aliás, quando em sua forma humana, são
sempre negros. Há também um gay caricatissímo. Uma liberação catártica do
politicamente correto? Os atores são de uma canastrice só. Provavelmente o
maior sucesso do cinema francês no mercado americano. Será mesmo? Afinal de
francês o filme tem a produtora que financiou-o. É falado em inglês e os atores
são internacionais. O próprio cineasta proclama-se um diretor cosmopolita, não
francês. Para qualquer leigo passa perfeitamente por um filme 100% americano -
ainda mais após Willis massacrar uns 50 monstros armados de metralhadoras e não
levar um tiro. Para os franceses, no entanto, deve ser no mínimo curioso ver um
rosto conhecido como Jean Rochefort fazendo uma ponta no início do filme como
piloto de uma espaçonave intergalática. Seria algo como vermos José Lewgoy
comandando um exército de samurais em um filme de Kurosawa. Tempos de globalização,
sem dúvida. Aliás exagerou-se quanto à nacionalidade do filme. Existe pelo
menos uma sequência que foge do mainstream
da ficção - fotos de guerra reais, em uma sequência de um humanismo tão sincero
que chega a ser constrangedor para qualquer pessoa com um minímo de bom senso.
Pelo menos desse quesito os seus congêneres americanos nos poupam. Abrindo
a 50ª edição do Festival de Cannes o
filme provoca pelo menos uma reflexão séria: seu esquema de super-produção
inédito para os padrões europeus - a não ser, em menor escala, quando trabalham
com temas que ainda possuem algo a ver com a sua cultura como A Rainha Margot e Germinal - gerará novas crias e uma penetração dos europeus no
filão predominantemente americano do autêntico blockbuster? Espera-se sinceramente que não. Columbia/Gaumont. 126 minutos.

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