Filme do Dia: Aboio (2005), Marília Rocha

 


Aboio (Brasil, 2005). Direção Marília Rocha. Fotografia Leandro Lara & Marília Rocha. Música O Grivo. Montagem Clarissa Campolina. Dir. de arte Fred Paulino.

Um dos documentários referenciais a instilar uma dose de apuro formal e idiossincrasias estéticas que acompanhou certa produção da primeira década do século XXI, ainda assim ganha contornos bem mais convencionais diante de propostas estéticas de longe ainda mais radicais em alguns desses aspectos (como é o caso de Uma Encruzilhada Aprazível). De fato, observando em miúdos, o documentário, por mais que pontuado por momentos de protagonismo formal – como é o caso de cenas como a que o fogo se torna praticamente uma abstração, ou o mesmo se dirá dos galhos retorcidos filmados, montados ou trucados em grande velocidade tal qual a das muitas formas produzidas por um realizador como Stan Brakhage – conta com entrevistas e até mesmo uma voz de saber, que traça o vínculo ao aboio com civilizações como a egípcia, grega e romana. Ou ainda uma voz incorpórea que explica sobre a tradição de se pegar o boi sumido após uma véspera de festança que reunia mais de uma centena de vaqueiros. Fica-se com a impressão que os “efeitos estéticos” são mais adereços para o protagonismo das falas em entrevistas diretas para a câmera ou comentários over que o oposto. E em oposição também a experimentações mais radicais do praticamente contemporâneo Andarilho, de Cao Guimarães. O que de forma alguma é um julgamento de valor depreciativo. Muitas das imagens são filmadas em p&b e em 8 mm,  com visível granulação da imagem, comum a essa bitola,  assim como uso de filtros que provocam certa opacidade – como uma camada de mediação – diante do que se filma. Ao final, apresenta-se os nomes dos depoentes e seus locais de moradia, que incluem os estados de Pernambuco, Bahia e Minas.  TEIA Filmes. 71 minutos.

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