Filme do Dia: Morango e Chocolate (1994), Tomás Gutierrez Aléa & Juan Carlos Tabió
Morango e Chocolate (Fresa y Chocolate,
Cuba/Espanha/México/EUA, 1994). Direção: Tomas Gutierrez Aléa & Juan Carlos
Tabío. Rot. Adaptado: Senal Paz, adaptado de seu próprio conto. Fotografia:
Mario García Joya. Música: José Maria Vitier. Montagem: Osvaldo Donatién,
Rolando Martínez & Mirian Talavera. Dir. de arte: Fernando Pérez O´Reilly.
Figurinos: Miriam Dueñas. Com: Jorge Perrugoría, Vladimir Cruz, Mirta Ibarra,
Francisco Gattorno, Joel Angelino, Marilyn Solaya, Andrés Cortina, Antonio
Carmona.
Diego (Perrugoría) é um homossexual
frustado com a Revolução Cubana que limita não apenas sua carreira profissional
como seu próprio modo de vida, tndo se apaixonado por David (Cruz), típico
entusiasta da Revolução, que acabou sua relação com a namorada. David é amigo
do revolucionário Miguel (Gattorno) para quem fala das atitudes e gostos
suspeitos de Diego, gerando um desejo crescente de Miguel denunciá-lo como
traidor da Revolução. Diego fora casado
no passado com Nancy (Ibarra), emocionalmente instável e que tenta o suicídio
sendo acodida por ele e David. David se apaixona por ela e os dois passam a se
relacionar. Ao mesmo tempo, descobre entristecido que Diego está de malas
prontas para abandonar Cuba.
Talvez o que mais se ressalte nesse
filme seja a forma marota que os diretores lidaram com uma aparente linha
dramática mais convencional cujas tensões iniciais, a denúncia do protagonista
ao partido, não chega a se concretizar, deixando evidente que o filme se
encontra mais preocupado em discutir as questões associadas a amizade e ao
amor. O fato de associar a homossexualidade de seu personagem a uma inteligente
ressistência contra a opressão ditatorial sugere uma aproximação com Um Dia Muito Especial (1977), apontando
igualmente para a possibilidade da descoberta do quanto existe de vida por fora
dos limitados muros impostos pelos valores totaitários. Sem dúvida, o
personagem do contra-revolucionário passa a ser uma figura recorrente na
filmografia cubana do período, seja de modo mais sutil e inteligente como aqui,
seja escancaradamente como em Azúcar Amarga (1996). Não há como negar o esquematismo que polariza os dois
mentores intelectuais de David, o caricato revolucionário e o ilustrado amante
da arte, mesmo que a passagem da área de influência de um para outro seja
relativamente pouco explorada, no sentido de que ao revolucionário se nega
qualquer face mais complexa e o eixo de interesse se desloque efetivamente para
o amor platônico de Diego por David, que terá que se contentar com o comovente
abraço final de agradecimento do último por ter lhe ensinado o verdadeiro
caminho das pedras. O filme une Aléa, talvez o cineasta mais conhecido do país
e associado ao cinema novo cubano com Tabío, associado a um momento posterior
da cinematografia do país, mais vinculado a crônicas de perfil mais realista e
menor experimentação formal. ICAIC/INCINE/Miramax Films/SGAE/Tabasco
Film/Telemadrid para ICAIC. 108 minutos.

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