Filme do Dia: Bromo and Juliet (1926), Leo McCarey
Bromo and Juliet (EUA, 1926). Direção
Leo McCarey. Rot. Original Charles Alphin & H.M. Walker (cartelas).
Fotografia Len Powers. Música Dave Knudtson. Montagem Richard C. Currier &
George Nichols Jr. Com Charley Chase, Corliss Palmer, William Orlamond, Oliver
Hardy, L.J. O’Connor.
Reunião
para decidir qual ação será apoiada pelo grupo de bem intencionadas almas de
uma cidade, provavelmente um show de cavalos, ao qual a pequena cidade nunca
viu, é interrompida por ensaios de uma representação amadora de Romeu e
Julieta, e os gritos de socorro da heroína na peça. Charley chega agredindo
o produtor da peça e “salvando” a heroína, Madge (Palmer), sendo retribuído com
uma tapa dela. Madge concorda em casar com Charley se ele interpretar o papel
de Romeu. O pai (Orlamond) também é convidado para um papel. Só que embriaga-se
e quando vai saindo com Charley é cobrado dos 40 contos devidos a um motorista
de táxi (Hardy). Enquanto Charley é obrigado a ficar próximo do taxista, para
não sair sem pagar, o velho resolve se barbear por conta própria, saindo da
barbearia e indo tomar banho numa banheira de uma vitrine de loja, para um
grupo de transeuntes a se divertir com a cena. O taxista e Charley conseguem
retirá-lo da situação. Porém, quando Charley vai vender o caixote de uísque que
o velho pretendia levar ao teatro, é surpreendido por um comerciante
acreditando ser ele um traficante ilegal de bebidas, e fazendo-o beber dez
doses sob a mira de uma arma, deixando-o também completamente embriagado. E é
nesse estado, e perseguido por um policial (O’Connor) que Charley bagunçará os
números ensaiados do espetáculo de vaudeville que também traziam a encenação da
cena do balcão de Romeu e Julieta.
Os” filmes
de Chase” são repletos de pequenas ironias. Algumas vezes um olhar, uma
expressão fortuita, a tentativa de disfarçar o propósito original da ação.
Neste curta, é a montagem, e não a interpretação do elenco que traz uma delas.
Os caprichos produzidos pelo amor. Em um plano Chase nega peremptoriamente
interpretar para o teatro para a amada. No seguinte, já o vemos travestido como
tal, ensaiando. E as pernas muito finas do duplo ator (Chase e o ator vivido
por sua persona de mesmo nome no filme) estão realçadas em sua fineza nas
malhas da época elizabetana justa. O que o faz comprar esponja, e surgir com
umas coxas robustas pouco depois. Aliás, cada um dribla a seu modo a sua
insegurança. No caso do pai de Madge é escondendo um alforje com bebida em meio
ao roteiro da peça. A tirada mais
criativa é a do caixote de bebida sendo jogado ao ar para fugir
pretensamente da lei, caindo no topo de uma fonte, a bebida se misturando a
água da fonte. E a afetação provocada em um homem e cavalo que fizeram uso da
água representado pela imagem em câmera lenta e reversão, antecipando em
décadas o efeito de usos similares, como o desfocamento de um personagem de Desconstruindo Harry,
de Allen. Tal como na chanchada décadas após (que aliás também revive
parodicamente a cena do balcão de Romeu e Julieta em Carnaval no Fogo),
o peso da gravidade adquirido por Shakespeare é contraposto a um espetáculo
mais tipicamente associado às comédias da época, divertindo imensamente o
público. O mais curioso de tudo é se observar uma cena filmada em ônibus de
dois andares, efetivamente em meio ao modesto trânsito da época, em relação a
uma tosca emulação em estúdio, em outro
curta de mais de uma década após com o mesmo Chase (Short Orders).
Destaque para um Hardy bem mais magro do que quando fará dupla com Stan,
posteriormente no mesmo ano e oficialmente no ano seguinte. Situações de cunho
homofóbico eram bastante recorrentes, como é o caso de um cliente de
restaurante de Short Orders, ou do taxista tratando Charley com os mimos
de uma senhorita ao observar a metade de
seu traje elizabetano. |Hal Roach Studios. 23 minutos e 27 segundos.
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