Filme do Dia: The Painted Lady (1912), D.W. Griffith
The Painted Lady (EUA, 1912). Direção
e Rot. Original: D.W. Griffith. Fotografia: G.W. Bitzer. Com: Blanche Sweet, Charles Hill Mailes, Kate
Bruce, Madge Kirby, Joseph Graybill, William J. Butler.
Uma jovem (Sweet), acaba sendo
menosprezada pelos rapazes por não se arrumar e maquiar, temente as ordens do
pai (Mailes), ao contrário de sua irmã mais jovem (Kirby). Porém, o faz quando
acredita que alguém se interessou por ela. Trata-se de um rapaz (Graybill), que
lhe é apresentado pelo pastor. Mal sabe ela que o interesse do rapaz, na
verdade, é o de assaltar a casa de seu pai, algo que vem a fazer. Porém, ele é
flagrado por ela armada e, na confusão para tentar tirar a arma da mão dela, é
vítima de um tiro. Logo acorrem os vizinhos, e os pais. Em constante estado de
choque, tem “encontros” com o homem falecido.
É digno de nota o fato da mocinha aqui
esboçar uma reação, por mais que na última hora sua “alma feminina” fale mais
alto e a morte do homem seja mais decorrente de um acidente do que propriamente
de autoria dela. Fica patente aqui, o fato do universo moral griffitheano ser
reforçado pela força transtextual da aderência da persona cinematográfica não
somente de seus atores principais, quanto igualmente dos coadjuvantes (Mailes
reviverá o mesmo pai turrão e conservador no mais simplório The New York Hat, lançado dois meses
após, e Bruce uma esposa que interage
quase tão pouco com o marido quanto a falecida personagem que morre ao
início daqule filme). Destaque para a concisão da ação que é proprocionada
usualmente pelos entretítulos. Antes de um deles, a heroína percebe o ladrão,
depois já se encontra com um arma na mão quase no mesmo local que se encontrava
anteriormente. Algo que ainda fica mais incisivo, quando tal transição temporal
se dá sem nenhuma “pontuação”, como quando o jovem que a ludibria a deixa em
sua casa e logo a seguir, já mascarado, invade a mesma. Há aqui uma condenação
moral mais incisiva à figura paterna, responsável, em última instância, pela
própria falta de auto-confiança da protagonista a resultar em um equívoco
porém, pode-se ler ao mesmo tempo, à revelia do realizador, uma conivência da
própria heroína com esse papel de submissão que a leva a ser o que é, algo que
sua irmã consegue superar aparentemente sem maiores conflitos. O gesto
arrebatado de horror que a heroína faz quando descobre que o homem se encontra
morto, anunciação para sua demência logo confirmada por seu olhar distante, era
comum no repertório das louras mocinhas-estrelas de Griffith (Mary Pickford,
Lílian Gish, que surge aqui com sua irmã, numa ponta, no festival de sorvetes e
Mae Marsh). Harry Carey, popular posteriormente nas mãos de John Ford na série
de filmes vivendo o personagem Cheyenne
Harry, tais como Bucking Broadway
(1917), surge aqui numa ponta como um dos vizinhos. Biograph. 12 minutos.
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