Filme do Dia: Unheimliche Geschichten (1932), Richard Oswald
Unheimliche Geschichten (Alemanha, 1932). Direção: Richard Oswald. Rot.
Adaptado: Heinz Goldberg & Richard Oswald, a partir dos contos de Edgar
Allan Poe e Robert Louis Stevenson. Fotografia: Heinrich Gärtner. Música: Rolf Marbot & Bert Reisfeld.
Montagem: Max Brenner & Friedrich Buckow. Dir. de arte: Walter Reimann
& Franz Schroedter. Com: Paul Wegener, Maria Koppenhöfer, Blandine Ebinger,
Eugen Klöpfer, Harald Paulsen, Roma Bahn, Mary Parker.
O jornalista Frank Briggs (Paulsen) escuta um grito
assustador quando passa de carro com sua noiva em direção ao teatro certa
noite. Ele resolve investigar o que houve. Pouco antes, um inventor
(Wegener) havia assassinado sua
companheira que, acidentalmente, havia destruído um de seus experimentos. O
jornalista aborda o inventor, mas esse desconversa. Quando fica sabendo do
desaparecimento de sua esposa, volta a residência com a polícia e eles efetuam
uma visita guiada pelo próprio inventor.
É impossível não olhar para o rosto anguloso e
inconfundível de Wegener e não associá-lo imediatamente ao clássico O Golem.
Porém a tradição que remete ao cinema expressionista quando observada
retrospectivamente emerge algo emasculada nessa produção um tanto temporã, que
parece ainda meio desajeitadamente se inserir nos recentes protocolos do filme
sonoro. O trato com a narrativa tampouco é estimulante, pois demasiado direto e
faltando maior apuro no elemento essencial para uma feliz transcrição para o
cinema, a criação de um senso atmosférico. Porém, há cenas curiosas. Como a que
no asilo mental se observa situações muito similares em uma ala masculina e
depois feminina – posição das pacientes, disposição das camas, gritos,
acolchoado por trás. Se a primeira adaptação, também dirigida pelo profícuo
Oswald, era anterior ao Gabinete do Dr. Caligari, essa acusa derivações
dessa obra, mesmo década e meia após, como é o caso das acusações mútuas entre herói e vilão
sobre quem seria o assassino, em meio a um jantar, no mínimo, excêntrico, no
asilo, versão menos bizarra do que Tod Browning realizaria no seu contemporâneo
Freaks. Sua mescla de horror com humor é contemporânea, por sua vez, a de James Whale. E essa segunda adaptação
pode parecer demonstrar acomodação ou preguiça do realizador, rumo a um
território já conhecido, não podendo ser tida exatamente como uma nova versão
da anterior, já que aqui as histórias se mesclam dentro de uma mesma estrutura
narrativa e não como segmentos independentes, como mais convencionalmente se
costuma fazer. A saída para reversão e um final feliz é um tanto trivial. Roto Film/G.P. Film GmbH
para Süd Film. 89 minutos.
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