Filme do Dia: Teu Nome é Mulher (1957), Vincente Minnelli

 



Teu Nome é Mulher (Designing Woman, EUA, 1957). Direção: Vincente Minnelli. Rot. Original: George Wells. Fotografia: John Alton. Música: André Previn. Montagem: Adrienne Fazan. Dir. de arte: E. Preston Ames &  William A. Horning. Cenografia: Henry Grace & Edwin B. Willis. Figurinos: Helen Rose. Com: Gregory Peck,  Lauren Bacall, Dolores Gray, Sam Levene,  Tom Helmore,  Mickey Shaughnessy,  Jesse White,  Chuck Connors,  Edward Platt.

         Mike Hagen (Peck) é um cronista esportivo que acompanha de perto o mundo do boxe, quando não se encontra bebâdo. Após acordar de uma farra homérica, descobre que lhe restaram pouco mais de 30 dólares dos mais de mil que tinha consigo na noite anterior. Ele é abordado pela figurinista Marilla (Bacall), que não apenas sente-se atraída por ele, como se encontra com mais de 700 dólares que ele lhe entregara na noite anterior. Como ambos se recusam a ficar com  o dinheiro, Mike sugere que passem alguns dias de férias, longe de tudo. Marilla topa. Decidem logo se casar e após uma lua-de-mel de vinte e poucas horas, partem para Nova York. Lá, Marilla fica horrorizada com o descuidado apartamento de Mike e faz com que ele se mude para o seu, muito mais elegante e espaçoso. O choque de temperamentos não termina aí: Marilla se encontra bem envolvida no meio artístico e suas figuras excêntricas, além de ex-pretendentes, como Zachary Wilde (Helmore), enquanto Mike prefere jogar poquer com seus rudes colegas, como o retardado ex-pugilista  Maxie Stultz (Shaugnessy). A situação se complica para Mike, quando Marilla é convidada a fazer os figurinos de uma revista musical estrelada por Lori Shannon (Gray), ex-amante sua, e passa a ser perseguido pela gangue de Johnnie “O” (Connors), após escrever artigos criticando o mafioso empresário Martin J. Daylor (Platt). Marilla reconhece as pernas de Lori Shannon como sendo as mesmas de uma foto rasgada que encontrara no apartamento de Mike. Sua desconfiança aumenta quando Mike tem que sair de casa, para passar duas semanas em um hotel, vigiado por Stultz, para poder continuar escrevendo seus artigos criticando Daylor. Inconformado com a desconfiança de Marilla, Mike vai até o apartamento de Lori Shannon, para combinar uma desculpa sobre como a conhecera. Marilla, no entanto, aparece por lá, e graças ao cachorro de Lori, Mike é descoberto. Retornando ao seu refúgio, Mike sabe, através de um dedo-duro, de um plano para sequestrarem Marilla, após a apresentação da revista musical em Boston. Parte para Boston com Stultz e lá se enfrentam na porta do teatro com a gangue de Johnny “O”.
Comédia romântica típica dos anos 50, do cinemascope ao forte technicolor, dos figurinos exuberantes a um roteiro permeado de frivolidades e clichês – como a da forte delimitação entre o universo masculino e o femenino, assim como do meio artístico e dos aficcionados pelo boxe, e o da  classe média alta e a classe apenas média – que, sem dúvida, deve muito de sua estrutura as chamadas “comédias malucas” dos anos 30. Menos por suas frágeis e esquemáticas contraposições – sendo que a guerra dos sexos remete aos filmes da dupla Hepburn-Tracy, que pelo enredo rocambolesco. Ou ainda o personagem de Peck que, por exemplo, deve muito de sua ingenuidade aos tipos que Cary Grant interpretou nas comédias de Hawks. Mesmo que aqui, já exista uma maior liberalidade nos costumes – a recorrente mordida da personagem de Bacall no lóbulo de Peck, por exemplo. Como inúmeros outros produtos escapistas produzidos na época, esse também se ambienta na alta classe média americana e nos bastidores de seu meio artístico, como no caso de boa parte dos musicais. Minnelli, aliás, era um realizador habitual de filmes do gênero, embora também tenha produzidos filmes mais amargos ou com temas menos convencionais como Chá e Simpatia (1957) e A Cidade dos Desiludidos (1962). Seu senso de humor é próximo de O Pecado Mora ao Lado (1955), de Wilder, ainda que menos cínico. Incensado pelos críticos franceses, inclusive Bazin, da mesma forma que outro cineasta que trabalhou de forma mais inteligente o universo cinematográfico padrão dos anos 50, Frank Tashlin, o cineasta não era considerado mais que um bom artesão nos EUA. MGM. 118 minutos.                 

Postada originalmente em 05/05/2016

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