Filme do Dia: Derek (2008), Issac Julien & Bernard Rose
Derek (Reino Unido, 2008). Direção:
Isaac Julien & Bernard Rose. Rot. Original: Tilda Swinton. Fotografia: Nina
Kellgren. Música: Simon Fischer-Turner. Montagem: Adam Finch.
Documentário-tributo ao cineasta Derek Jarman (1942-1996), que faz a questão de demonstrar o quanto a vida pública e a
obra de Jarman se confundiam, algo mais ressaltado do que nunca quando se
apresentam as várias manifestações em prol da causa gay ao qual o cineasta
participou, recebendo intimações da polícia ou sendo arrastado e a reprodução
anacrônica de tais acontecimento na Inglaterra vitoriana de Eduardo II (1992). Conduzido por uma de
suas atrizes recorrentes e amiga pessoal, Tilda Swinton, além – e talvez mais
importante – por uma entrevista do realizador no qual ele faz um apanhado sobre
sua vida e obra. Pode-se até afirmar que a negação da auto-deferencialidade
como um dos traços característicos do realizador não são exatamente cumpridos
nesse documentário, mas se não o são, isso se dá menos pelos depoimentos do
mesmo do que pela transposição da tentativa de representação dos sentimentos
interiores a respeito de Jarman por parte de Swinton, cuja impassividade do
rosto acaba sendo mais expressiva, acompanhada por sua narração over, do que se tivesse feito uso de
artimanhas de sensibilização emocional mais comuns. Parece ser, ao mesmo tempo,
uma constatação meio amarga de uma nova época que, ao contrário da resistência
ao conservadorismo do governo de Thatcher ou da descobertas dos sentidos e das
sexualidades nos dionisíacos anos 1960, possui a aridez do conformismo e dos
negócios como elemento triunfante e fundamental. Umas das opções mais acertadas
do documentário em relação à sua proposta foi não fazer uso de entrevistas com
pessoas que conviveram com o realizador como habitual em documentários do
gênero. Normal Films. 76 minutos.
Comentários
Postar um comentário