Filme do Dia: The Sultan's Wife (1917), Clarence G. Badger

 


The Sultan’s Wife (EUA, 1917). Direção: Clarence G. Badger. Com: Bobby Vernon, Gloria Swanson, Joseph Callahan, Frank Bond, Blanche Payson, Teddy, o cachorro.

Numa viagem para a Índia, Gloria (Swanson), amor de Bobby (Vernon) é sequestrada pelos homens de um Rajá (Callahan), que a quer como uma de suas centenas de mulheres em um harém.

Descontado o caráter etnocêntrico com que a Índia é retratada desde o início, já surgindo uma cartela que faz referência às poucas roupas que os indianos utilizam – característica relativamente pouco explorada ou dubiamente explorada com um Raja, de pernas completamente desnudas, mas cobertas por uma meia que pretende mimetizar a pele de fato – trata-se de uma produção acima da média das estreladas pela dupla Vernon-Swanson e também pelo estúdio que a produziu. É evidente que sua marca etnocêntrica, que estará presente no cinema quase indelével até os dias de hoje, transforma os indianos em algo como crianças crescidas, a quem é demasiado fácil enganar, mesmo em sua própria terra, retratada da forma mais exótica possível pela cenografia. A determinado momento o casal se traveste, Vernon se tornando mulher e Swanson homem (ela já o havia feito em The Danger Girl). As mulheres do harém do rajá se vestem em trajes de banho numerados evocativos das célebres bathing beauties. A cena da dança, na qual o Rajá se encanta pela sua nova aquisição ao harém, sendo na verdade Bobby travestido, antecipa em algumas décadas a vivenciada em Quanto Mais Quente Melhor. E, na cena talvez mais criativa do filme, um pai ensina ao filho a função de carrasco, portando esse um machado de proporções semelhantes a sua estatura em relação ao pai. Destaque para Teddy, o primeiro astro canino da história do cinema, ao menos se se levar em conta a quantidade de filmes que participou, mais de meia centena, em relação ao Hover de O Resgate de Rover no Primeiro Cinema, que escala uma “pirâmide humana” como escada para adentrar no palácio do Rajá . Ao final, Bobby mimetiza a si próprio como Rajá de forma literalmente caricata, fazendo caretas histriônicas. O fato dele usar farda do início ao final e esse último plano sinalizando, ainda que simbolicamente para a conquista do poder, bem poderia servir como representação efetiva da dominação colonial ocidental exercida no país. O tema “orientalista” não era tão incomum no universo cômico da década, como demonstra The Pasha’s Daughter (1911), produzido por um outro estúdio. Keystone Filme Co. para Triangle. 24 minutos e 28 segundos.

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