Filme do Dia: Zézero (1974), Ozualdo Candeias

 


ZéZero (Brasil, 1974). Direção e Fotografia: Ozualdo Candeias. Música: Vidal França. Montagem: Luiz Elias. Com: Isabel Artinópolis, Carlos Biondi, Palmira Balbina de Almeida, Maria das Dores de Oliveira, Maria Nina Ferraz, Arnaldo Galvão, Maria Gizélia, Milton Pereira.

Camponês parte para a cidade onde, após experiências sofridas de trabalho e buscando sexo de modo selvagem, acaba ganhando na loteria e retornando apenas para descobrir que sua família já se encontra morta. A própria construção desse curta-metragem repercute a situação de aridez econômica e afetiva de seu protagonista. Não existem planos aproximados, caracterização dos personagens ou mesmo diálogos. A intermediação com o mundo se dá através do rádio, e são transmissões desse que se ouve em boa parte da banda sonora.  O corte é abrupto e a marca do precário se faz valer nas cenas em que Zézero rola com as prostitutas que encontra. Candeias parece aqui construir sua própria versão de um tema recorrente no cinema brasileiro contemporâneo, tanto no documentário quanto na ficção, a partir de sua visada que se pode acusar de tudo (inclusive de obscura) menos de clichê, mesmo de certa forma fazendo alusão que soa paródica aos mesmos – sobretudo na cena em que o protagonista retorna ao lar e os homenageia junto à cova, evocativa do universo do filme de faroeste. O fato de trabalhar com um elenco não profissional e filmagens em locações sem qualquer “controle diegético” sobre o local faz com que muitos dos transeuntes olhem para a câmera, fazendo lembrar uma atitude semelhante presente em cenas de Iracema, uma Transa Aamazônica. 30 minutos.

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