Filme do Dia: O Pecado Mora ao Lado (1955), Billy Wilder
O Pecado
Mora ao Lado (The Seven Year Itch,
EUA, 1955). Direção: Billy Wilder. Rot. Adaptado: Billy Wilder & George
Axelrod, a partir da peça homônima do último. Fotografia: Milton R. Krasner.
Música: Alfred Newman. Montagem: Hugh S. Fowler. Dir. de arte: George W. Davis
& Lyle R. Wheeler. Cenografia: Stuart A. Reiss & Walter M. Scott.
Figurinos: Travilla. Com: Marilyn Monroe, Tom Ewell, Evelyn Keyes, Sonny Tufts,
Robert Strauss, Oskar Homolka, Marguerite Chapman, Victor Moore.
Richard Sherman (Ewell) se despede da esposa Helen (Keyes) e do filho,
que partem de férias e descobre que a vizinha do andar de cima é um belo
espécime feminino (Monroe), suscitando de imediato fantasias de sua parte. Após
um incidente com um jarro que cai próximo dele, convida-a para visita-lo.
Pegue entre o desejo e o dever, Richard se vê dividido.
Longe de ser o melhor de Wilder, que inclusive tinha um tino menor
para a comédia do que poderia supor o supervalorizado Quanto Mais Quente Melhor, essa produção sofre tanto com a sua
dependência da palavra escrita quanto da presença de Monroe encarnando talvez o
seu mais prototípico exemplar de loura que tempera malícia e ingenuidade, para
não falar dos próprios diálogos e de sua encenação, que deixam patente se
tratar de uma adaptação do teatro. Evocado sobretudo por conta da célebre cena
na qual o vestido da atriz esvoaça por
conta da movimentação do metrô (sequencia que teve que ser refilmada em
estúdio, dada a confusão que gerou quando de sua tentativa em locação), o filme
talvez chame mais atenção por sua evidente misoginia – o personagem vivido por
Marilyn sequer possui nome – e construção da figura feminina quase a reboque de
ser uma mera elaboração tão ou mais fantasmática quanto os próprios diálogos
imaginários que Richard trava com a esposa. Inicia com uma desnecessária
inserção, muito provavelmente ausente da peça, que supõe um traço de
continuidade entre o olhar masculino sobre a mulher que data da época da
ocupação indígena da ilha de Manhattan. Fazendo referências jocosas a produções
recentemente lançadas, das mais consideradas pela crítica (A Um Passo da Eternidade) até gêneros considerados menores (O Monstro da Lagoa Negra), e até mesmo
incluindo uma referência a própria Monroe no filme (nada que a comédia já não
houvesse feito antes), o filme avança e acaba se despedindo do espectador, sem
dizer exatamente a que veio, tal como a despedida entre os personagens ao
final. Ewell, enquanto caracterização do
americano médio a qual já encarnara na Broadway, bem poderia ter saído de uma
animação da Disney estrelada pelo Pateta. Axelrod se envolveria anos depois em
outro projeto que parte de uma premissa semelhante, mas que ganha uma conotação
bem diversa, sobretudo ao escalar Audrey Hepburn como a principal personagem (Bonequinha de Luxo). Charles K. Feldman
Group/20th Century Fox Film Corp. para 20th Century Fox Film Corp.
105 minutos.
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