Filme do Dia: Arminhos e Orquídeas (1927), Alfred Santell

 


Arminhos e Orquídeas (Orchids and Ermine, EUA, 1927). Direção Alfred Santell. Rot. Original Ralph Spence & Carey Wilson. Fotografia George J. Folsey. Com Colleen Moore, Jack Mulhall, Sam Hardy, Gwen Lee, Alma Bennett, Hedda Hopper, Kate Price, Jed Prouty

Pink (Moore) é uma sonhadora garota romântica, que consegue uma vaga como telefonista em um hotel de luxo, apenas por se vestir de forma mais modesta que dezenas de suas concorrentes. O milionário Richard Tabor ( Mulhall), hospedado no mesmo hotel, troca de identidade com o seu valete, Hank (Hardy) para evitar o constante assédio das mulheres. No entanto, Tabor se torna perdidamente apaixonado por Pink, e vice-versa, e ninguém acredita que ele seja o milionário. A situação se complica quando Tabor é preso, fingindo-se passar pelo que de fato é, quando Hank chega com a sua namorada, amiga de Pink, Ermintrude (Lee).

Será digno de nota que uma das primeiras falas (através das cartelas, obviamente) de Moore almeje o ideal distante da personagem telefonista – mais bastante trivial no cinema de então – de casar-se com um milionário, algo que a própria atriz faria mais de uma vez? Moore ainda guarda o visual melindrosa, ou melhor, o cabelo de melindrosa, que provavelmente popularizara, ou mesmo segundo alguns, lançara uns poucos anos antes. Infelizmente, trata-se de uma comédia tão caricatamente típica, no estilo de atualização da “gata borralheira”, que não se torna sem esforço acompanhar mesmo sua modesta metragem. Moore parece oscilar entre momentos de uma beleza e charme encantadores – que poderiam fazer sombra ao charme da então de longe mais desconhecida Louise Brooks – com outros bem mais banais. Talvez a única ação verdadeiramente divertida de todo o filme, seja o pequeno fragmento de uma cena, em que Pink, recém-desmascarado equivocadamente seu milionário de araque, chora e se enxuga em um caro vestido da loja chique que este lhe levara, é advertida com dois pequenos tapas da vendedora (vivida por ninguém menos que Hedda Hopper) para não fazê-lo, e passa a fazer força com o nariz para evitar que precise novamente se assoar improvisadamente no vestido – raras vezes o cinema da época conseguiu traduzir melhor a imposição do mundo material sobre a espontaneidade dos sentimentos, e o que decorre destes, secreções (materialidade outra vez).  As facilidades recorrentes não são exatamente um antídoto contra sua obsolescência, como quando da prisão de Richard Tabor propicia que Pink exponha o quão sinceros são seus sentimentos e não apenas a cobiça monetária. E também permite, evidentemente, uma leitura oblíqua sobre esta pátina de “sinceridade”, menos por conta do filme em si. Estreia de Mickey Rooney, com um personagem homônimo secundário. John McCormick Prod. para First National Pictures. 70 minutos.

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